O que escrevo

Há uma pessoa que acha que, mais dia menos dia, irei “escrever um livro, e depois outro, e outro...". Gosto muito de escrever, cresci com esse exercício, mas um livro não acredito que conseguisse escrever. Como li recentemente, existem já mais livros do que aqueles que podemos ler no espaço de uma vida (sim, porque nós, meros humanos, não somos como o Prof. Marcelo...). É nossa responsabilidade escolher bem os que vamos efectivamente ler, mas maior ainda se os vamos escrever.

Não nego que é um sonho de muitos anos, mas disse a essa pessoa na altura que nem saberia como começar, nem sobre o que escrever. A escrita para mim, tal como a poesia, tem sido mais um caminho para chegar ao fundo da alma, ou o trazer de sentimentos que não entendo para a razão (possível) da linguagem... Sobretudo a poesia é uma coisa muito solitária, muitas vezes triste, de que talvez goste tanto precisamente por ser menos articulada, por ser palavras soltas da essência desses caminhos que procuro, que se podem usar para ir construindo os nossos próprios poemas vivos ou outra prosa que possamos viver. Para nos podermos ir encontrando, refinando, construindo a crescer.

Por isso, considero a minha escrita egoísta, e tenho dificuldade em escrever sobre outras coisas que não eu própria, os meus sentimentos, os meus medos, a minha vivência e os meus fantasmas. Se me lançasse assim a escrever um livro, o mais natural seria fazer um misto entre a realidade de mim e da minha vida, e a ficção dos vários “ses” que articulei. A personagem principal seria eu, o “eu-princesa”, mas com um pouco mais de sorte e, claro, um final feliz.

E isto ía interessar a quem? Em que é que isto iria enriquecer a humanidade? Portanto, minha querida “Mãe”, não creio que este sonho algum dia se realize. Os blogs têm sido quanto baste, e não vale a pena continuar a enviar-me informação sobre cursos de “escrita criativa”... Pronto, sim, entretanto aceitei o desafio e aventurei-me a escrever outras coisas, num registo diferente, mas em sistema auto-didacta. Há um desses desafios em curso, de que falarei brevemente, já aqui publiquei um pequeno conto, e resolvi que também vou publicar um outro mais elaborado que estou a escrever (mas que também não é nenhum romance que desse um livro). Irei publicar aos poucos, não faço ideia com que regularidade. E mesmo que digam muito mal (e estão sempre à vontade aqui para a total sinceridade), vou publicá-lo até ao final (que ainda não tem, mas lá hei de chegar). Não tem é título. Isto chega “Mãe”?...

Em todo o caso, prometo que, se um dia chegar a escrever um “livro”, levará uma bela dedicatória à minha “Mãe adoptada” (mas mais que mãe biológica, porque minha mãe do coração). Muito naturalmente, será um poema.

2 comentários:

LBJ disse...

Vais escrever sim, não é só a tua "mãe" que acha eu cá estarei para ler com prazer :)

Beijo

CB disse...

LBJ,
Um "livro", duvido mesmo. Mas outras coisas sim, irei tentando. Obrigada. :)
Um beijo