Dar a Mão

Ter um filho é ter uma vida a fazer-se pela nossa mão. E um dia ter de largar a mão para essa vida se fazer por si. E mais tarde, quem sabe, pôr a nossa vida nessa mão, quando já não podermos levar-nos a nós próprios.

Sempre senti como a minha principal responsabilidade de mãe ajudar o meu filho a crescer para se tornar um adulto equilibrado e forte de espírito. Tenho o dever de lhe ensinar que a vida é difícil, traz alegrias e tristezas, esconde perigos e encruzilhadas. Às vezes, pergunto-me se lhe deveria mostrar as lágrimas que retenho e as que lhe escondo, para lhe ensinar que se aprendem lições com cada lágrima e se segue em frente. Mas o maior medo que tenho é precisamente de não ser capaz de o fazer sempre – seguir em frente. E assim falhar o propósito da lição.

Assusta-me às vezes pensar que se calhar não sou o melhor exemplo para ele. Porque não quero que ele siga os meus passos, cometa os erros que cometi, sofra as dores que chorei. Quero que ele aprenda a ser melhor e maior que eu.

Estou ainda, eu própria, a aprender a viver a minha vida de uma forma diferente. Pouco tempo físico passou desde que somos só nós dois, e em períodos alternados, a dias marcados. E eu mudei tanto, cresci tanto, neste último ano, e depois de novo nestes últimos meses. Cada momento é difícil, até assustador por vezes, e o amanhã é sempre uma grande incógnita. Às vezes são momentos muito bons, e têm sido muitos, cada vez mais. Mas nunca sei se faço o que é certo para ele. Ou para mim.

A única coisa com que me consolo é que sei, em consciência, que tento fazer tudo na vida com dignidade, e tento ser mãe com o coração, e procuro mesmo não errar. Sei que faço erros, e farei, porque não posso fugir à minha condição humana. Espero que um dia ele mos perdoe e perceba que foram actos bem intencionados – apenas falhados. E que tenha um pouco de orgulho em mim quando perceber que eu tentei sempre ser fiel a mim própria e aos meus princípios. Que reconheça o amor incondicional que lhe dou, esteja onde estiver e sinta-me como sentir, mesmo que seja a tremer para não chorar no abraço dele aos 3 anos de idade. Aliás... ainda mais em momentos mágicos como esse que recordarei sempre.

Mas eu também preciso de alguém que me dê a mão. Às vezes gostava de voltar a ter uma mão pequenina a caber dentro de uma mão maior. Uma mão que me segurasse, me confortasse, me ajudasse a fazer o caminho, a dar os passos que ainda são tentativos e incertos. Que apertasse a minha mão para passar a força que me falta às vezes, a coragem que por vezes me foge. Até para eu poder segurar melhor a mão pequenina do meu filho, que ainda precisa tanto de mim. Não lhe quero falhar, quero ser uma boa mãe.

Por isso, neste "Dia da Mãe", não falo da minha, falo da que quero ser.

6 comentários:

Apple disse...

E da que és... Já és essa mãe, que cresce com ele e aprende todos os dias.

CB disse...

Obrigada Apple. :)

Pulha Garcia disse...

"A única coisa com que me consolo é que sei, em consciência, que tento fazer tudo na vida com dignidade, e tento ser mãe com o coração, e procuro mesmo não errar." É exactamente isso, Princesa. Se mantiveres a tua sinceridade, a tua capacidade de comunicar e te esforçares os erros serão sempre secundários.

Bom dia da mãe para ti.

CB disse...

Pulha, muito obrigada. É difícil olhar para os erros que possa cometer, e cometo, com o meu filho, como secundários. Esforço-me de facto para não os cometer, mas sei que alguns são inevitáveis.

Ana GG disse...

Princesa, até as mães erram...é que também são humanas.
O importante é sentirmos que damos o nosso melhor e não nos culparmos quando não o fizemos porque não conseguimos.

Tenho a certeza que és uma excelente mãe!
=)

CB disse...

Ana, muito obrigada... :)