"Destilar", cientificamente, é "separar componentes químicos que constituem uma substância através de vaporização seguida de condensação". Serve para muita coisa, nomeadamente, para produzir bebidas espirituosas. Aqui, é uma tentativa de purificação da mistura de tudo o que sinto, penso e vivo. A aguardente do que sou.
De mim para mim
Sei que hoje acordei num mundo diferente. Sei que sou hoje diferente. Instintivamente, sai uma camisa preta do armário. Não, não, digo-me. Não de luto. Já foi demais. Uma coisa leve, uma coisa nova, por estrear. Não é Primavera? Pois, mas vem chuva. Detesto chuva. É Maio, por amor de Deus! Pronto, insisto, tem de ser leve, um casaco por cima. O espelho. Ali estou eu. Eu. Só eu. Minutos a correr, tanta coisa insignificante para fazer. Noto que a frase que mais repito nas primeiras horas do dia é “vamos a despachar”. A vida a correr. Beijos, abraços, bom fim de semana, porte-se bem com o pai, gosto muito da mãe. Sorriso triste, também gosto muito do L.. Saudades, aperto no peito. Trânsito e chegada. Como é que era? Pois... Um passo depois do outro. Levantar a cabeça e endireitar as costas. Sorrir. Não se passa nada. Sou eu. Como sempre, a de todos os dias, a quem ninguém vê que a vida custa, pesa. Vêm a camisa nova, de côr clara, diferente, que elogiam. Vêm o eu-mulher de força calma, que parece bem, que sorri. Por fora. Dentro está outra coisa. Dentro não se vê. E eu hoje estou lá dentro. Hoje há pouca conversa. Enterro-me no computador. Vou espreitando outras coisas que tenho pouca vontade de trabalhar. Escrevo umas linhas. Ajuda. As teclas ganham velocidade, o pensamento voa. Não oiço nada à minha volta. Dentro. Silêncio. Luto não. Já foi demais, lembro-me. Enterrado, missa de sétimo dia. Faço o quê agora? O vazio é para quê? Cabe o quê? Afasto pensamentos, afasto lembranças. Afasto-me dos passos de lógica de todos os dias. Não vou por aí. Lembras-te? Paraste. Chega! Calma, calma... Shiiiuuu. Já passou. Já passou... Amanhã, já passou.
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22 comentários:
E no embalar do tempo que passa, que não cura mas amaina, os minutos correm como areia por entre os dedos.
Serena, respira, anda.
E como a areia que um dia tivemos na mão, escorrida dos dedos nunca mais é nossa. É perdida na imensidão da praia.
Não posso serenar ainda. Preciso do momentum, da agitação, do turbilhão, para me manter a respirar, me manter em movimento.
Não pares...
Mas não corras. Leva o teu tempo. E já pensaste que para respirar mais não precisas de respirar depressa? Precisas de sim de encher bem o peito de ar.
Quando peito está cheio de outras coisas, não cabe uma inspiração profunda. Doi até nas costelas tentar. Não cabe. É preciso ser aos poucos, e mais depressa para o ar não faltar.
Inspira como se cheirasses uma flor e expira como se soprasses uma vela sem a apagar.
E vais ver que isso que te pesa ao peito sai nas baforadas longas e pausadas.
Bem hajas...
Nestas alturas não se diz nada!
Só se dá um abraço e um beijo, que é o que aqui te deixo :)
Bom fim de semana
Obrigada, Pronúncia.
Um bom fim de semana também para ti.
Retenho-me no mais importante:
Shiiiuuu. Já passou. Já passou... Amanhã, já passou.
Beijo
LBJ,
Amanhã, sim.
Um beijo
O vazio é para encher. A seu tempo. Amanhã...
:) (Meu e sincero para ti - não sorrias, não hoje, amanhã)
Treze,
Bem hajas. :) (por amanhã)
De mim para ti mana: Lembras-te do olho lacrimoso de soslaio para os 5 minutos impostos pelo alarme do despertador? de Lázaro em trajes menores a entrar pelo jantar dos convivas? e de gibóias a apanhar bolinhas? acontece, mas vai haver uma altura em que isso te fará sorrir.
.. e ainda tenho lá dos detestáveis e incomestíveis canudos de melaço!!!!
Achas, mana? Não sei... Há coisas que fecham feias, tristes. Que nunca lembrarão sorrisos. Sorrio hoje com a da "gibóia", mas o que ela significa ainda não me faz sorrir. Só a sua transfiguração, o que é diferente. Mas passa, eu sei que um dia passa. Um dia já não doi. Dá biscoitos à Princesa, dás?... (Não calha bem com o sushi, mas doce eu como sempre...)
Mana, leste-me o pensamento, mulher... É desses mesmo que eu queria...
Mana, não temos de sorrir de tudo. Há dias foscos. Temos direito a sentir turvo e a ter tristes. Não temos de fugir deles, temos é de os cronometrar.
Vou reforçar o stock!
Sim, eu sei. Tens razão e sei que tu consegues fazer isso. Eu tenho uma certa falta de respeito pelo cronómetro. Perco facilmente o tempo e embalo-me. No bom e no mau.
Bom... no bom eu também embalo!!!!!
Ok.. pronto... ri-me, não é?....
Que dizer?...
Hoje já passou!
Um beijo e um sorriso
:)
Ana, obrigada. Para ti também. :)
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