Brisas

Hoje corre uma brisa. Uma brisa fresca. Gosto de brisas a passar, não de grandes ventanias. Esta brisa percorre a casa arrefecendo-a, libertando-a do torpor do calor que a encheu demais nos últimos dias. Esta brisa traz outros sons à casa, a começar pelas janelas a bater levemente, de vez em quando, anunciando a sua passagem.

Também nós passamos na vida como brisas. Damos sons e mudamos temperaturas às casa por onde passamos. Às vezes as brisas passam mais fortes e talvez deixem uns estragos. Sei que já deixei alguns e também apanhei já muitos cacos de umas brisas desabridas que por aqui passaram. Às vezes, ocorre-me, trazem fragrâncias. Assim passaram algumas por mim, em fragrâncias que ainda recordo. Brisas de mar, brisas de flores, brisas de terra e outros sabores. Tocam os outros à passagem, às vezes podem envolvê-los. Já gostei de ser envolvida em brisas mornas e recordo outras que me arrepiaram, ou me despentearam.

Mas as brisas passam, breves, e não voltam. Não se pode prender uma brisa, não se pode mantê-la a soprar por nós nem pelos nossos lugares. A brisa corre enquanto quer, toca e envolve quem muito bem entende, e perfuma quem escolher. Não adianta insistir, implorar, fechar a janela. Que a brisa vai, quando tiver de ser.

Vou passar a lembrar-me disto. Abrir janelas às brisas e usufruir melhor de cada uma que passar. Esta que passa hoje sabe-me bem. Esta brisa veio para mim e esta noite adormeço sem pensar, e durmo bem.

6 comentários:

Pulha Garcia disse...

Que as brisas te levem a um porto melhor, perpetuamente.

CB disse...

Pulha, obrigada. Espero que sim.

Pronúncia disse...

Gostei da comparação e gostei da conclusão :)

CB disse...

Pronúncia, obrigada. :)

1REZ3 disse...

"Vou passar a lembrar-me disto. Abrir janelas às brisas e usufruir melhor de cada uma que passar." Nem mais Princesa :)

CB disse...

Treze, nem mais mesmo! :)