“Muito-Tanto”

Num desses dias em que o meu filhote estava com o pai, estava com umas saudadesinhas dele. Falamos ao telefone e ele estava bem disposto, mas claramente com saudades. Voltou a ligar-me 2 vezes depois da primeira conversa, “só para dizer mais uma coisa”, de cada vez. E no meio dos vários telefonemas disse-me “tenho uma coisa muito bonita para dizer à mãe: gosto muuuuito-tanto da mãe!”... Encheu-me o coração.

Estes dias agora está com o pai e sinto-lhe a ausência, a distância. Tivemos um Domingo tão bom. Sinto que estamos a crescer os dois numa cumplicidade ternurenta e muito enriquecedora. E isso, só por isso, faz-me feliz. Aproveitei cada minutinho do tempo que tive com ele. Fizemos coisas giras, como ir para uma livraria onde fui caçar um livro que procurava, e apesar de ter tido de sair a meio para ir procurar uma casa de banho, às tantas, na segunda investida, sentei-o num sofá a guardar os 2 livros que já tinha escolhido, enquanto procurava o terceiro. E ele ali ficou todo contente, a fingir que lia as minhas histórias e a responder às várias pessoas que se metiam com ele com um sorriso no rosto. Compramos um livro para ele também, que acabei a ler com ele sentado no balcão e altamente participativo na leitura da história, e toda a gente a olhar para nós com olhares sorridentes que me fizeram rebentar de orgulho – sou uma boa mãe! – e de ternura pelo miúdo – que bolas! ele é mesmo especial!. Joguei à bola com ele, rebolamos na relva, passeamos e conversamos, vi desenhos animados no sofá com ele no colo, e não deixei de fazer coisas minhas, e ele soube respeitar o meu espaço e partilhar também das minhas coisas.

Mas agora cá me fiquei a remoer, um bocadinho nervosa com o fantasma da solidão destes meus dias de mulher, um bocadinho impaciente, sei lá.

Queria qualquer coisa. Queria um frenesim qualquer e algumas respostas aos “e depois?” que vou, como o meu filho, desfiando no tempo da minha cabeça. Queria umas horas de companhia e riso num jantar com amigos. Queria dançar esquecida, perdida, na música. Queria ver uns certos olhos. Queria sentir a minha alma e outra alma. Queria espreitar o futuro. Queria... “muito-tanto”. Acho que, para além do gosto pelos livros, o meu filho herdou de mim o gosto pelos superlativos...

2 comentários:

mf disse...

A mim pareces-me, de facto, uma boa mãe. Eu gostava, se algum dia tiver um filho (que inveja...), de ser assim também.
Quanto aos desejos... Olha, já que a gente se entende, faz como eu... A caminho, atenta, à procura. Há-de aparecer... ;)

CB disse...

Obrigada mf! :) Faço por isso, mas olha que às vezes é bem difícil sabermos se estamos realmente a fazer o "melhor". E tens razão - procurei e encontrei, acabei por ter um muito animado jantar de amigos e um monte de planos para os próximos dias... :)