Prós e Contras

Peso numa mão aqueles momentos em que nos descobrimos o caroço, iguais em essência; peso os momentos em que nos seguramos, alternadamente, momentos de alegria ou tristeza que mais que partilhamos - dividimos; peso as identificações, os paralelos de história, e as diferenças e desvios de caminho que, no final, fazendo-nos um resultado diferente, nos permitiam somarmo-nos num número redondo, uma soma de simétricos, que resultava num equilíbrio mútuo, um pouco de ti para onde me faltava a mim, um pouco de mim para o que te faltava a ti. 

Peso noutra mão aqueles momentos de incompreensão, de choque pelo que de repente nascia de um caroço que pensavamos conhecer e pensavamos igual, mas afinal germinava diferente; peso os momentos da falta, da falha, admito que alternadas e mutuamente sentidas fundas, mutuamente não entendidas, e que mutuamente tentamos em vão perdoar e esquecer; peso as diferenças e distâncias que cultivamos ou deixámos crescer, até serem impossíveis de integrar, a desiquilibrar a soma do conjunto com cada uma das nossas equações a resultar cada vez mais diferente, sem hipótese de conciliação de simetrias.

No meio, peso uma saudade de chumbo; e peso a mágoa, que talvez peses também. No fundo, peso uma perda que não sei como recuperar, mas também peso uma mágoa que não sei como largar. Peso o efeito de um corte visceral sob a pele da cicatriz que não quero dissecar.

Sem comentários: