Parênteses - (Político)

O que mais me indigna no meio desta palhaçada toda, é que imputem ao Sócrates a culpa toda. Porque ele tem culpas, sim, as maiores, e acho que já vai tarde, é uma vergonha para o país e devia sê-lo também para o próprio PS. Mas mais vergonhoso é 230 deputados eleitos pelo país, para representar os seus interesses e visões políticas, terem permitido, até fomentado, o descalabro a que chegamos. O grande mal deste país, de facto, não é quem se senta na cadeira do poder. É a forma como é percebido - e recebido - o lugar do poder. Os políticos deste país são uma vergonha porque não assumem as suas responsabilidades e não honram a nobreza da posição que lhe é atribuída por todos nós, cidadão de Portugal (que votam, pronto). Uns e outros deveriam perceber que, independentemente de quem se senta à cabeceira da mesa, todos na mesa têm, ou deviam ter, uma única missão: fazer o melhor pelo país. Numa qualquer empresa credível isso traduz-se em debate, em discussão de ideias, em estudos e projectos que se apresentam e que sustentam com racionalidade e lógica os melhores caminhos a seguir. E em votos que não resultam da fidelidade a quem paga almoços e jantares, mas sim a quem paga a existência da própria mesa e que, se não tiver resultados, pode despedir todos os que se sentaram à mesa a brincar à batalha naval - com mais que justa causa.

Pronto, só um desabafo. Não percebo muito de política nem tenho veia jornalística nem nada dessas coisas que permitem escrever textos muito profundos e articulados sobre estas matérias. Eu nestas coisas prefiro ler os outros, diversos outros, e depois de reflectir tirar as minhas conclusões. Infelizmente, já não acredito que possamos mudar grande coisa, pois até para uma pessoa se envolver mais activamente na vida política, que seria sempre, na minha perspectiva, através de um partido, não se vislumbram opções. Já sou incapaz de definir a que partido pertenço de alma e até, confesso, nem sei já se me sento à esquerda ou à direita da mesa, tal a confusão ideológica dos partidos de hoje, mais ainda a perplexidade com que fico face a certas concretizações dos mesmos partidos. 

Estou prontinha a emigrar. Mais um anito e isto deve estar em tal estado que talvez consiga um estatuto de refugiada.

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