Do fim da história

"Mas na janela o ângulo intacto duma espera
Resolve em si o dia liso."

Límpido e conciso. De Sophia, claro. Há é dias longos, muitos longos, feitos de muitos sois e muitas luas, dias que se estendem na medida da abertura do ângulo da janela, que se medem pelo tiquetar da esperança, que não é mecânico nem cadenciado, é longo, muito longo, como o dia, e ressoa em cada tic, e em cada tac, no eco da cavidade vazia que se traz ao peito. Sempre fecho os olhos ao horizonte, sempre declaro resolvido o dia que passa em branco, e sempre me encontro à espreita de cada vez que me cruzas a vista, na improbabilidade do avistamento, e ainda que em rota obviamente contrária à abertura do ângulo intacto da minha janela.

2 comentários:

jacklyn disse...

Esta é uma das "coisas que me arrasam" :):) Este texto, magnífico.

CB disse...

Jacklyn,
Obrigada, e sim - percebi com clareza. A tua etiqueta serviria aqui na perfeição. Eu agora nem etiquetas já sou capaz de dar aos textos. E mais ainda - estes.