
Muitos anos mais tarde, ofereci ao meu primeiro marido um persa azul, que era o que ele mais queria, e na verdade nem me ocorreu que acabava a viver eu com o gato, dado que só casamos um ano e tal depois. Mas, não sei porquê, o bicho escolheu-me a mim desde o primeiro momento. Chamava-se Ludwig e era um gato lindo, tinha uma elegância e uma agilidade espantosas, além de ser o animal mais afectuouso e inteligente com que me cruzei.
Tinha umas manias e manhas incríveis, esperava-me à janela todos os dias e mal me via na rua corria para a porta. Acabou por ser a minha companhia enquanto viveu, seguindo-me para todo o lado. Quase não miava e aprendia tudo - inclusive que se esperasse quieto ao pé de mim enquanto eu comia, eu lhe guardava qualquer coisa, mas que só lhe dava quando terminava. E percebeu que quando eu pousava os talheres no prato de lado era a "hora do biscoito". Empertigava-se logo e parecia um urso de circo, em pé sobre as patas traseiras, à espera da recompensa. E eu dava-lhe, claro.
Morreu com uma insuficiência renal, ao fim de 3 anos, e foi um fim muito triste. Esteve doente muito tempo, chegou a estar internado num hospital veterinário, e sofreu demais. Fiquei tão perturbada com aquilo que decidi que não queria mais nenhum. Mas tive mais três, que ficam para outros posts. Deste lembro-me especialmente quando faço malas, porque na altura viajava bastante em trabalho e ele depressa aprendeu a associar as malas com as minhas ausências. Então, quando dava por mim, tinha o gato deitado dentro da mala, em cima do que quer que lá estivesse, a fazer-me olhinhos, como quem diz "leva-me contigo...". Era um doce.
6 comentários:
Mana, abateram-se-me as saudades. Marcos meus:
O "Sá Canário", que como o nome indica era um pássaro mas que depois do trauma de ter caído com a gaiola e por força do chiar de um estendal, deixou de cantar para imitar ininterruptamente o som das roldanas. Fizemos-lhe um downgrade, perdeu estatuto e virou "'Pito".
O Alvaro, uma outra ave menos canora que depois de 11 anos virou um "Metro-Sexual bird", tendo depenado toda a penugem até ficar de peito liso, não feliz, antes do requiem virou "drag queen" e andou todo o inverno envolto num pompom azul de vison! Desse espécimen, tenho relatos de ir às lágrimas. Era um caso clínico.
Tenho o Dago, um cão com rastas que nem com "drunfes" e drogas duras deixa remover e que nunca se libertou do estigma de ser o cão do cão Alfa da minha mãe. Lembro-me entre várias façanhas que tive de o pescar do Tejo e espremer do lodo...
Como se relata às vezes, se me convencesse que os meus bichos me mimetizaram comportamentos, o meu moral ficaria irremediavelmente constipado.
Mana, o que já me ri...
O mais preocupante é que dizem que sim, que os bichos nos mimetizam em algumas coisas. Não deve é aplicar-se a pássaros, está descansada, que nunca te ouvi chiar nem te vejo tendências preocupantes... :D
Quanto ao Dago, sabes que me conquistou, por isso deixa lá as rastas. Esse, se mimetizou alguma coisa, foi saber dar mimo (e o que me deu sem me conhecer de lado nenhum, lembras-te?). :)
Gatos também é comigo :)
LBJ,
Eu nem é bem gatos - é mesmo os persas que são uns gatos especiais. Mas não volto a ter outro.
Princesa, os gatos são todos espectaculares. É difícil não cairmos de amor por um gato, seja ele de raça pura ou rafeiro. Têm personalidades diferentes, são únicos...
Eu, como já deves ter lido, tenho 3.
;)
Ana, talvez, mas eu nem me considerava uma pessoa de gatos e estes bichos, os persas, parecem ter uma personalidade mais canídea que felina!
De qualquer forma, foi uma óptima experiência. :)
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