É preciso falar de sexo?


Dou uma volta pelos blogs, o que já não fazia há algum tempo, e pasmo-me com uma série de posts cruzados sobre o conteúdo insonso dos so called “blogs de gaja”. Fui dar a blogs que não conhecia, li tudo o que tinha para ler, e acabei por não resistir a escrever este post.

Embora haja várias variantes, e uns mais claros, outros pouco nítidos, uns de sentimentos mais exaltados e outros um pouco mais articulados, parece que, genericamente, muita gente considera que um blog escrito por uma mulher que se foque sobre o que lhe vai na alma, que naturalmente acompanha os acontecimentos que vai vivendo, não sendo necessariamente um “diário”, se não falar de sexo não presta. Pior ainda se a dita mulher estiver solteira e não relatar aventuras e conquistas sexuais (é imediatamente categorizada e com requintes de malvadez), e ainda pior se estiver a viver uma história de amor impossível ou complicada.

Ora bem: não digo que não haja por aí muito blog côr-de-rosa, ao estilo de diário, na minha opinião muito pouco interessante simplesmente porque não revela nada de profundo, nenhuma reflexão sobre os acontecimentos, sobre a vida, ou sobre o que quer que seja. Há muita porcaria na blogosfera, mas se todos gostassem da mesma côr, o que seria do amarelo. Cada um é livre de ler ou não ler, comentar ou não comentar, voltar ou esquecer. Por mim, já encontrei alguns blogs que têm, pela mão de mulheres, e muitas vezes mais bem escritos que os “blogs de gajo” ou dos blogs de mulheres a falar de sexo, muitos textos com conteúdo de reflexão e interessantíssimas formas de olhar o mundo, os outros e o próprio. Coisas que me fazem a mim pensar ou re-pensar assuntos, que me permitem crescer como ser humano.

O meu blog relata-me, não exactamente como um diário de acontecimentos, mas sobretudo como um relato de pensamento. Muitos dos meus textos são conversas de mim para mim, são reflexões sobre coisas que me acontecem e sentimentos que vou experimentando, às vezes exorcismos, outras vezes partilha com os leitores de quem entretanto ganhei uma certa fidelidade e amizade. Não fala de sexo, por si só, porque simplesmente não me interessa por aí além discutir o assunto neste fórum, nem tenho necessidade de publicar, partilhar ou sequer analisar a minha vida sexual. Aí é uma esfera onde me considero uma mulher bem resolvida, sem tabús ou preconceitos, que vive muito bem com o seu corpo e com as suas opções, e que, simplesmente, não acredita em sexo vazio.

Se me custa um bocado perceber porque é que tanta gente acha perfeitamente normal envolver-se sexualmente com qualquer um, e mais que isso, acha louvável, acha que isso é que é “viver a vida”, e no caso das mulheres acha até que é um sinal de modernidade e emancipação, menos ainda percebo a necessidade de o publicar. E menos ainda entendo a necessidade de criticar quem pensa, e sente, e vive, de acordo com o princípio de que sexo é parte de um todo maior, embora parte muito importante, mas essencialmente uma intimidade que nem sequer nos é exclusiva, porque envolve outra pessoa. Respeito as opções dos outros, mas espero o mesmo respeito de volta. E se não gostava de um dia descobrir algum meu ex a relatar a nossa vida sexual num blog qualquer, certamente não vou fazer o mesmo.

Não sou puritana, já cometi as minhas loucuras, mas sei que tudo tem um tempo na vida, nunca desrespeitei ninguém, e hoje sinto-me suficientemente madura para dispensar days after manhosos apenas pela pura satisfação mecânica do corpo. Porque se é por isso, então que não se envolvam outras pessoas a quem se podem ferir sentimentos, há muitas formas alternativas até mais seguras de satisfazer a vontade, há imensa literatura disponível e as sex shops estão ao alcance de qualquer um. Para mim, o nosso corpo pertence-nos e é valioso, demasiado valioso para entregar ao desbarato, e só faz sentido entregá-lo quando acompanhado de intimidade, de afecto. Não tenho uma visão romanticizada, até porque entendo que é legítimo mesmo que não seja o amor da nossa vida (e quase nunca é), e mesmo nos dias em que é pura diversão, puro sexo, para os dois (o que até faz falta e faz bem em qualquer relação). Mas acredito que é oco se não houver mais nada. Nessa intimidade, nesse afecto, é que nenhuma relação fugaz de sexo por sexo, nem nenhuma técnica ou sex toy, substitui o sublime de um outro em comunhão de corpo e alma. E na minha opinião é disso que, no fundo, toda a gente sente a falta, uns admitidamente, outros nem por isso.

NOTA: Claro que a imagem não é hard-core, lamento que alguns se incomodem, mas não se enquadra de outra forma neste espaço, este espaço que é meu e de quem o lê, enquanto o quiser ler, e a mim serve-me um propósito mais importante do que debitar palavras vazias e publicar imagens pornográficas (até porque já há blogs pornográficos de muita qualidade).

31 comentários:

1REZ3 disse...

Não creio que precisasses sequer de fazer essa pergunta, mesmo que seja só para enfatizar o significado do texto. E tu sabe-lo melhor que ninguém, porque é tu que recebes os elogios pela forma como escreves.
Aqui entre noós, até acho que escreverias um belo texto sobre futebol, se quisesses :D

Acima de tudo cada um escreve e dispõe o que lhe vai na alma. Emancipação, modernidade ou simples "show-off", o que importa é a liberdade de cada um.

Gosto do que e como escreves. Também já estive em blogues do género que referes. Por algum motivo não voltei lá e aqui volto com expectativa e ansiedade de ler altas :)
Maioritariamente pela tua escrita (lá estou eu outra vez...). Não só por escreveres muito bem mas porque também carrega em si muita coisa que faz reflectir.

No cômpito geral, não é por ser melhor, mas por ser mais interessante e (acredito) mais humano.

PS: Se há o outro lado (ainda que com o abismo pelo meio), é para saltar ;)

afectado disse...

Na blogosfera há espaço para todos. Mas é um facto que se é mais estrela se se mostrar um lado mais sexual, uma mente mais "moderna" nesse assunto. E sabes porquê? Porque anda por cá muita gente à procura disso por cá e portanto tem que se refugiar nesses blogs :P

Claro que isto não é assim em todos os casos. Até porque eu leio alguns blogs eróticos, e que são de qualidade e até interessantes de ler. Mas também há muita vulgaridade em certos blogs. Na minha opinião, lá está. Na de outros até podem ser bons e o meu ser vulgar. É mesmo assim, há espaço para todos e todos têm que dar espaço à critica.

CB disse...

Treze, agradeço-te os elogios e gosto de saber a razão porque voltas aqui. Este texto não pretende atingir nenhum blog ou tipo de blog em particular, porque acredito que todos têm direito de se expressarem, no registo que escolherem. Mas incomoda-me o "fanatismo" da crítica do oposto e, a partir daí, a minha reflexão é mais sobre o que está por trás da escrita dessas pessoas, o que revela sobre a forma como a tanta gente na blogosfera, na nossa sociedade, hoje olha para a questão do sexo. E respeito todas as opções, mas preocupa-me porque acho que se está a perder a noção de coisas importantes, e no fundo porque acho que muitas vezes estes discursos empolados escondem grandes fragilidades emocionais.

PS: Há sempre um outro lado, mas temos de ter discernimento para só saltar com confiança. Enquanto há dúvida, não pode haver salto a não ser num acesso de loucura ou irresponsabilidade... :)

CB disse...

Afectado, concordo absolutamente que há espaço para todos - a tal questão do amarelo. E cada um é também livre de escolher o que lê, e também concordo que se deve abrir espaço à crítica. Mas construtiva - não apenas uma genérica e ofensiva investida contra aquilo de que não se gosta.
Relativamente à questão do sexo em si, a Net é um local fantástico para encontar de tudo, e é valiosa também por isso. Há coisas de muita qualidade e coisas vulgares, e cada um sabe de si e dos seus gostos. A mim o que me preocupa mais nesta questão é precisamente a vulgarização que muitos dos blogs "criticantes" promovem e, como dizia acima, as ocultas ou disfarçadas fragilidades emocionais da sociedade que vamos todos construíndo.

1REZ3 disse...

Acima de tudo está a desvalorizar-se o sexo na sua forma mais importante, na sua forma mais intima e romântica. Não é que tenha qualquer tabú no que ao sexo toca, mas é assim que gosto de o "ver" (chamem-me purista :)...).

Apple disse...

Minha querida, magnifico texto, como aliás é hábito.
Revejo-me. Quer na postura perante o blog (é um espaço meu, onde tenho o prazer e o privilégio de ser lida por algumas pessoas que têm a gentileza de ir voltando e comentando, o que me deixa feliz, mas não me condiciona na escrita, porque antes de mais é para mim que o faço, ao sabor da pena e do espírito. Se é “blog de gaja”? não sei, e tanto se me dá…) quer perante o sexo (é bom, é importante, mas tem de ter conteúdo, na minha maneira de encarar a vida, o sexo é tanto melhor quanto maior for a intimidade e a entrega e isso não se tem num encontro oco e fortuito. Não tem de ser um alinhamento cósmico e metafísico, não há porque complicar, aliás quanto mais descomplexarmos melhor, porém, também não vejo vantagens na banalização. O sexo é fundamental, é bom, mas com sentido e afecto fica muito melhor)

mf disse...

"o nosso corpo pertence-nos e é valioso, demasiado valioso para entregar ao desbarato, e só faz sentido entregá-lo quando acompanhado de intimidade, de afecto"

Touché. Disseste tudo aqui, para mim. Quanto ao resto... Tenho a impressão que a blogosfera é um pouco como o mundo real. Ou seja, aqui, como 'lá fora', há muita gente que se gaba, mostra, oferece, etc. Nada a fazer, cada um sabe de si. O que significa que cada um pode escolher o comportamento que quer assumir.

Beijo

1REZ3 disse...

mf,

e supostamente cada um deveria ser capaz de escolher quem quer para si...

Pulha Garcia disse...

Para mim a intimidade é o mais importante numa relação. Contudo, a parte sexual é fundamental. Sem isso não há jogo para ir a jogo.

Questão diferente é andar-se à procura de sexo fortuito. Não julgo ninguém (seria hipócrita se o fizesse). Cada um faz o que tem a fazer e assume os riscos de "um jogo" que sabe bem mas que por si só não vai a lado nenhum.

mf disse...

Ó Princesa, desculpa-me lá o diálogo, mas estas conversas de café são interessantes. :)

Treze:
Tens razão, 'cada um deveria ser capaz de escolher quem quer para si'.
Mas às vezes as pessoas são atraídas por determinados tipos de indivíduos que não lhes fazem bem. E caem uma e outra e outra vez e não mudam nunca porque que não querem. É que mudar implica pensar, olhar para dentro, resolver(-se) e isso dá trabalho e arrasta, muitas vezes, dores. Por isso, preferem evitar a dor e saltitam daqui para ali, vivendo ao sabor do que acontece. Não me parece é que a maioria, comportando-se assim, chegue a algum lado... Mas lá está, cada um sabe de si e o que quer fazer com a sua vida.

Pulha:
A intimidade É o mais importante numa relação. E, embora não dependa exclusivamente do sexo, fortalece-se com ele, na medida em que, quando existe afecto, a nudez física potencia a nudez do coração e, consequentemente, aumenta a confiança, o amor, etc. Há quem não a procure e prefira, por alguma razão, o sexo fortuito. Cada um sabe de si, volto a dizer. Não sei é se serão mais felizes dessa forma. Mas não julgo. Há muito que percebi que há coisas que mais vale observar e não comentar. Porque há razões que a razão desconhece.

Francis disse...

days after manhosos é coisa que já recusei há muito tempo...muito bem.
acordar e olhar para o lado e pensar "porra como é que eu vim aqui parar ?" não obrigado.

CB disse...

Ora bem... afasto-me daqui durante o dia e agora tenho respostas de empreitada!

Treze,
Nem mais: o sexo tem muitas formas de ser vivido e não condeno opções individuais, antes a tendência generalizada de desvalorização da sua forma mais sublime.

Apple,
Obrigada pelas tuas palavras e empatias. É exactamente como dizes: não é para complicar (adorei a do "alinhamento cósmico :)), é bom e muito importante, mas é também mais do que isso e muitíssimo melhor com significado.

CB disse...

mf,
A intimidade e o afeco são fundamentais para viver a vertente sexual de uma relação de maneira plena, por sua vez dando a essa relação mais significado e plenitude. Também sou acérrima defensora da liberdade de escolha, mas a gestão de liberdades tem aquela coisa perigosa de não poder ofender a liberdade exercida pelos outros.
Beijo


Treze (mais uma vez),
Isso é que era... Mas é??

CB disse...

Pulha, concordo totalmente e pensei que tinha deixado claro que também considero sexo fundamental numa relação. Intimidade, afecto e sexo, na minha forma de ver as coisas, são simbióticos no cimentar de um relacionamento. Uns sens os outros não chegam, como dizes, "para ir a jogo".
Também como já afirmei, sou defensora da liberdade de escolha, apenas me preocupa sob o ponto de vista sociológico que uma escolha, que respeito mas que também me parece que não leva a lado nenhum, se esteja aparentemente a tornar tão genérica.

CB disse...

mf,
Minha querida, estás em casa e eu também adoro conversas de café. :) Além disso, concordo absolutamente com as tuas respostas ao comentários do Treze e do Pulha.

Francis,
Há um tempo para tudo. Se há coisas que hoje me permite e não faria aos 20 e tal anos, há outras que fiz aos 20 e tal e que não quero repetir. Esses acordares, não obrigada mesmo. Algumas vantagens a idade traz.

1REZ3 disse...

Vou passar a restringir-me a 1 comentário por texto... ;D.

Quanto à questão de "escolhermos", talvez não seja o mesmo que ir a uma loja e levarmos o que queremos, mas podemos escolher como ver as coisas se não resultarem.

E neste caso tenho que recorrer a tantas palavras que já vi a mf usar: É porque não era a/o tal. E é avançar.

Easier said than done? Nem por isso. É uma questão de nos aceitarmos a nós próprios :)

1REZ3 disse...

PS: Ninguém vos manda responderem tão bem de forma a merecerem uma resposta... (não tenho culpa :D)

CB disse...

Treze,
Não te restrinjas nunca a comentar quantas vezes quiseres!
Quanto à escolha, o que escreveste antes foi "cada um deveria ser capaz de escolher quem quer para si". Ora isto implica a ideia de que controlamos a escolha do outro. A meu ver - errado. Não escolhemos nada a não ser a fuga. E se podemos escolher como "ver" a coisa caso não resulte, porque usamos a razão para compôr o quadro, na realidade também não escolhemos como o sentimos. A escolha aqui é avançar, aí tens razão. Mas não pela aceitação de nós própros, antes pela aceitação de que pelo menos não fugimos, e foi o que tinha de ser. Se conseguirmos, devemos juntar uma dose de esperança de que um dia resulte, e uma dose de realismo por sabermos que até lá ainda podemos cair mais vezes. E isto é mesmo mais fácil de dizer...
Não sei se a resposta é boa ou má, mas se te apetecer responder, não te acanhes! :D

1REZ3 disse...

Compreendo perfeitamente o que dizes. Não quer dizer que controlamos o outro. Quer dizer que nos controlamos (coisa fácil de dizer...) a nós e nunca o comportamento ou sentimento de outrém.

Quando o disse, referi-me essencialmente a quem (englobando muito "boa" gente de quem falas no texto) sabe ao que vai e se queixa que é sempre a mesma coisa (seja homem ou mulher). Faz-me muita confusão as pessoas que perpetuam essas escolhas.
Como é natural, só cheguei a estas palavras e conclusão mediante tentativa e erro. Claro que o comportamento que adopto tem também o outro lado da moeda. Mas isso já é outra questão... E concluo a minha opinião aqui porque parece que a "conversa de café" já avançou :)

CB disse...

Treze, tens muita razão relativamente à perpetuação de escolhas. O Homem é animal de padrões, de vícios e rotinas. O mais complicado no meio disto é que, na maior parte das vezes, como as escolhas são essencialmente intuitivas, têm raízes profundas de subconsciente de que não apercebemos sequer, quanto mais controlamos...

Pronúncia disse...

Parece que o tema "blogues de gajas" está na moda.

Eu não faço distinção entre blogues de menina ou de menino. Leio, gosto ou não, comento ou não. Se gosto volto, se não me diz nada não volto, isto independentemente do sexo de quem o escreve.

Pessoalmente prefiro, e leio, alguns blogues eróticos aos blogues fúteis, onde dificilmente faço uma segunda visita.

Mas um dos encantos da blogoesfera é precisamente a liberdade que cada um tem de escrever o que quiser e sobre o que entender e os outros poderem optar por ler ou não, comentar ou não.

CB disse...

Pronúncia, nem mais. Subscrevo tudinho.

ruth ministro disse...

Estava completamente alheada desta realidade que descreves... Concordo contigo em tudo, aliás, já começa a ser habitual :)

Beijinhos

1REZ3 disse...

Ó Pronúncia, se não gostas de blogues fúteis porque é que voltas ao meu? :D (estou a meter-me contigo...)

Pronúncia disse...

Treze, estarás por ventura a insinuar que não gostas das minhas visitas?! É só dizeres que eu não volto mais...
Mas fico com pena, porque o teu blogue é uma Especialidade... ;)

Já agora, e por falar em Especialidade, porque carga de água é que não estás a aceitar comentários no último post?!

Vá! Vai lá abrir o tasco dos comentários, se fazes favor... ;)


(Princesa, desculpa lá a ocupação de espaço! Mas o Treze e eu já temos um historial de "discussão" em blogues alheios...)

1REZ3 disse...

Oh minha cara Pronúncia, qual quê! Insinuaria eu lá uma coisa dessas! Quanto muito insinuo que o meu espaço é oco... :D A tua presença ´não só é um motivo de prazer como já o posso considerar parte do espaço (ó p'ra ele na graxa... :D).

E Princesa, sim, desculpa lá a usurpação do teu espaço para esta troca de "galhardetes" :)

Pronúncia disse...

Treze, assim já nos entendemos...

Sabes bem que é reciproco! Também já vais fazendo parte da mobília lá do tasco (pensavas que eras só tu que sabias dar graxa, não?!)... ;)

Já agora, que peça do mobiliário queres ser?!

CB disse...

Nuvem, eu também me espantei! E realmente a concordância começa a ser hábito. :)
Beijinhos

CB disse...

Pronúncia e Treze,
Be my guests! :)

1REZ3 disse...

Pronúncia,

espreguiçadeira, caso haja espaço para tal :D

Pronúncia disse...

Princesa, obrigada!

Treze, uma espreguiçadeira parece-me bem!... :D