Os meus Gatos #1

Gosto de animais, em geral, mas desenvolvi uma especial predilecção pelos gatos persa. Quando era miúda queria imenso ter um cão. Os meus pais até têm um óptimo jardim, mas nunca se deixaram convencer. Foram-me oferecendo substitutos com muito maus resultados. Acabei por desistir da ideia de ter um animal de estimação depois de ter morto vários peixes por indigestão, um piriquito ao qual dei um banho acidental, uns hamsters que acho que foi a minha mãe que fez desaparecer (mas disse-me que morreram para eu me sentir culpada) e finalmente uma tartaruga que fugiu da "casa" dela e se enfiou num chinelo do meu pai, onde encontrou a morte (e essa teve direito a enterro no jardim, com procissão solene e uma caixa de fósforos por caixão). Não pensem mal de mim que não fiz nada de propósito. Era uma criança - e também tive azar!

Muitos anos mais tarde, ofereci ao meu primeiro marido um persa azul, que era o que ele mais queria, e na verdade nem me ocorreu que acabava a viver eu com o gato, dado que só casamos um ano e tal depois. Mas, não sei porquê, o bicho escolheu-me a mim desde o primeiro momento. Chamava-se Ludwig e era um gato lindo, tinha uma elegância e uma agilidade espantosas, além de ser o animal mais afectuouso e inteligente com que me cruzei.

Tinha umas manias e manhas incríveis, esperava-me à janela todos os dias e mal me via na rua corria para a porta. Acabou por ser a minha companhia enquanto viveu, seguindo-me para todo o lado. Quase não miava e aprendia tudo - inclusive que se esperasse quieto ao pé de mim enquanto eu comia, eu lhe guardava qualquer coisa, mas que só lhe dava quando terminava. E percebeu que quando eu pousava os talheres no prato de lado era a "hora do biscoito". Empertigava-se logo e parecia um urso de circo, em pé sobre as patas traseiras, à espera da recompensa. E eu dava-lhe, claro.

Morreu com uma insuficiência renal, ao fim de 3 anos, e foi um fim muito triste. Esteve doente muito tempo, chegou a estar internado num hospital veterinário, e sofreu demais. Fiquei tão perturbada com aquilo que decidi que não queria mais nenhum. Mas tive mais três, que ficam para outros posts. Deste lembro-me especialmente quando faço malas, porque na altura viajava bastante em trabalho e ele depressa aprendeu a associar as malas com as minhas ausências. Então, quando dava por mim, tinha o gato deitado dentro da mala, em cima do que quer que lá estivesse, a fazer-me olhinhos, como quem diz "leva-me contigo...". Era um doce.

6 comentários:

Anónimo disse...

Mana, abateram-se-me as saudades. Marcos meus:
O "Sá Canário", que como o nome indica era um pássaro mas que depois do trauma de ter caído com a gaiola e por força do chiar de um estendal, deixou de cantar para imitar ininterruptamente o som das roldanas. Fizemos-lhe um downgrade, perdeu estatuto e virou "'Pito".
O Alvaro, uma outra ave menos canora que depois de 11 anos virou um "Metro-Sexual bird", tendo depenado toda a penugem até ficar de peito liso, não feliz, antes do requiem virou "drag queen" e andou todo o inverno envolto num pompom azul de vison! Desse espécimen, tenho relatos de ir às lágrimas. Era um caso clínico.
Tenho o Dago, um cão com rastas que nem com "drunfes" e drogas duras deixa remover e que nunca se libertou do estigma de ser o cão do cão Alfa da minha mãe. Lembro-me entre várias façanhas que tive de o pescar do Tejo e espremer do lodo...
Como se relata às vezes, se me convencesse que os meus bichos me mimetizaram comportamentos, o meu moral ficaria irremediavelmente constipado.

CB disse...

Mana, o que já me ri...
O mais preocupante é que dizem que sim, que os bichos nos mimetizam em algumas coisas. Não deve é aplicar-se a pássaros, está descansada, que nunca te ouvi chiar nem te vejo tendências preocupantes... :D
Quanto ao Dago, sabes que me conquistou, por isso deixa lá as rastas. Esse, se mimetizou alguma coisa, foi saber dar mimo (e o que me deu sem me conhecer de lado nenhum, lembras-te?). :)

LBJ disse...

Gatos também é comigo :)

CB disse...

LBJ,
Eu nem é bem gatos - é mesmo os persas que são uns gatos especiais. Mas não volto a ter outro.

Ana GG disse...

Princesa, os gatos são todos espectaculares. É difícil não cairmos de amor por um gato, seja ele de raça pura ou rafeiro. Têm personalidades diferentes, são únicos...

Eu, como já deves ter lido, tenho 3.
;)

CB disse...

Ana, talvez, mas eu nem me considerava uma pessoa de gatos e estes bichos, os persas, parecem ter uma personalidade mais canídea que felina!
De qualquer forma, foi uma óptima experiência. :)