Excertos de mim #2


“Encostava a cabeça ao vidro frio e húmido da janela embaciada, a separar o mundo quente, iluminado e conhecido que habitava, e a noite escura de inverno, o desconhecido porque ansiava. Na cabeça o filme das recordações, ora em câmara lenta agonizante, ora num cruel tropel de imagens rápidas a sucederem-se aceleradamente. No olhar a sombra do passado e a luz da procura do caminho do futuro, que sentia como a noite lá fora. Escorreu um dedo pelo vidro, abrindo um traço de transparência para o exterior mas criando uma gota de água que ganhou vida a escorrer pela sua própria cara.”

Este excerto para me lembrar que o mundo, às vezes, vê-se a sofrer as nossas dores, tanto que parece que o mundo as espelha e as sente, nas coisas, na luz, na sombra, em tudo o que nos rodeia. E assim não vemos mais nada e perdemos tanta coisa.

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