Fecha-se a porta, duas voltas na chave. Antes, um último olhar para dentro, um dentro despojado, vazio, abandonado, no silêncio. Um aperto no peito a relembrar o que ali esteve. Não tanto os móveis, os quadros, aquele tapete. Saíram as caixas, as malas, os objectos que se amontoam agora numa carrinha de mudanças. Mas ecoam os risos que ali se viveram, as palavras e promessas que ali se ouviram. E sentem-se as lágrimas que ali secaram, como o sonho que ali queria ser vivido.
Fecha-se a porta e roda a chave. Ali fica vazia a casa que era para a vida de uma família feliz. Do lado de fora, fica um coração vazio, uma chave que já não abre o futuro, uma promessa que não se cumpriu. É triste, mas pacífico. Passos lentos levam-me para longe daquele passado, e desço no poço do elevador. A vida é lá fora, contínua a luta, e algures o verdadeiro amor.
Agora sim: fim.
Fecha-se a porta e roda a chave. Ali fica vazia a casa que era para a vida de uma família feliz. Do lado de fora, fica um coração vazio, uma chave que já não abre o futuro, uma promessa que não se cumpriu. É triste, mas pacífico. Passos lentos levam-me para longe daquele passado, e desço no poço do elevador. A vida é lá fora, contínua a luta, e algures o verdadeiro amor.
Agora sim: fim.
8 comentários:
Principeza
Arranca a desencantada, e começa tudo de novo, saboreia os bagos de vida.
Não fiques a olhar para a porta. Olha para o outro lado e para o mundo que te abraça. Vai àquele tal jardim que falámos não há muito. Vê e ouve a passarada que se aninha à sombra, ouve a água que corre pasmacenta nos bebedouros. Pára aí e refresca-te. Contínua nos passos, pequenos ou grandes não importa, coloca o pé bem assente para que não caias. Estende-te na relva e acaricia-te com o sol. Retempera as forças encostada ao tronco milenar.
Vive...
Forteifeio, bom conselho, mas embora seja pacífica esta partida "formal", não deixa de ser uma baga de tristeza que carrego.
John Doe,
Não fiquei a olhar a porta, mas guardo o último olhar para dentro, enquanto abro a vista para o que está lá fora. Procuro esse mesmo jardim, tão docemente descrito por ti, e vou vivendo, sim, acreditando, esperando.
E agora guardas com carinho a beleza do que foi e segues em frente, num caminho novo, sem olhar para o que não foi ou que poderia ter sido, mas com o coração e a esperança na alvorada de um dia novo.
Fecha-se uma porta mas o Sol e o céu e o Mar e todo o amanhã está cá fora connosco. Eu estou agora a ter que fechar muitas portas mas vou deixar que elas fiquem sempre nas minhas costas, nunca há minha frente :)
Beijos
Apple, acho que nunca vou verdadeiramente deixar de pensar no que não foi, apesar de entender os porquês e ter resolvido o assunto, porque aprendi valiosas lições de que não me quero esquecer. Mas levo essa bagagem na viagem nova que já comecei, é uma arma, uma força. Porque andei para a frente, ainda não sei para onde, mas para longe do que não quero.
LBJ, desejo-te muita sorte e muitas portas abertas à frente, com as outras que vais fechando para trás.
Beijos
Enviar um comentário