Integridade


Começo a ficar paranóica sobre a reserva de identidade no blog. Sei que tenho aqui a minha vida quase toda e tanto sobre mim que pouco mais falta do que o meu nome, morada e número de telefone. Só partilhei a existência do blogue com 4 pessoas, as 4 pessoas que não tenho dúvida de que são mesmo minhas amigas, e sei que apenas duas delas realmente o lêem e acompanham. Muitas outras pessoas com quem me relaciono sabem da sua existência, mas não sabem como encontrá-lo. E não quero que o encontrem, porque não me sinto confortável com tamanha exposição.

Por isso, fiquei perplexa quando, há uns meses, um amigo que vejo de vez em quando passou um jantar a fazer conversa à volta do tema “Princesa”. Na altura ocorreu-me que pudesse ter descoberto o blog, mas depois descartei a ideia. Mais recentemente, fui jantar a casa dele na altura em que publiquei um texto entitulado “Agridoce” e que me dá ele ao jantar? Um prato de peixe com ananás bem condimentado. Pergunta se está bom, eu respondo que é... original, mas sim, está bom, e ele faz uma piada sobre aquilo ser... agridoce.

Coincidências, pensei. Não é pessoa de andar pelos blogs, e que interesse poderia ter no meu? Além de que, se o descobrisse, ou me dizia, ou ficava bem calado para eu não perceber. É lógico, não? Mas agora, dá-me de presente de anos um CD. “Chill&Tango”...

Não sei se estou paranóica, mas é muita coincidência. Por isso não sei se essa pessoa vai ler isto, mas se lêr, é para que saiba que não gosto. Apesar de isto ser um espaço público, este também é um espaço de introspeção e intimidade, que por isso protejo com um nick. Se essa pessoa sabe que sou eu, peço-lhe que respeite por favor a minha privacidade, e não insulte a minha inteligência. Se fosse a situação inversa, talvez contasse que tinha descoberto o blogue, ou talvez simplesmente reservasse isso para mim, por respeito e para não causar constrangimentos. Mas não leria mais o blogue e certamente não o iria usar para fazer piadinhas desconfortáveis. Não é bonito.

Espero que isto seja tudo apenas coincidência, que a minha paranóia desproporcionou. Espero mesmo.

10 comentários:

maria teresa disse...

Não me parece justo que faça este apelo, quando começo a escrever num local "público" devia ter a noção que era um risco que corria.
Da existência do meu blogue só têm conhecimento os meus filhos bilógicos e um enteado, os meus amigos e conhecidos desconhecem-no... Estou anónima embora use o meu nome verdadeiro, mas se por um puro acaso, alguém soubesse quem verdadeiramente sou, tinha que aceitar, caso contrário jamais escrevia para a blogosfera.

CB disse...

Maria Teresa,
Obrigada pelo seu comentário. Entendo o seu ponto de vista e reconheço que sabia do risco, embora tenha sempre pensado ser reduzido.
No entanto, não é o facto de alguém que conheço descobrir o meu blog que me incomoda, mas sim a forma como lida com isso. O que não me parece justo é que o descubra, não me diga que o descobriu, continue a lêr-me sabendo que este é um espaço que pretendia anónimo, e ainda faça sobre isso umas pequenas "piadas".
Mas se esta é a realidade, é provavelmente tempo de aceitar que este afinal não é o canal seguro de que precisava para me destilar.

maria teresa disse...

Também a percebo!
O incómodo das piadas que recebe depende do modo como está relacionada com esse "piadista".
A meu ver tem duas hipóteses, sem ter que deixar de escrever se isso a "ajuda", nada de se deixar "derrotar": ignorar as piadinhas ou encostar o engraçadinho à parede.

CB disse...

Maria Teresa,
Tem razão que são essas as opções, se não quiser deixar de escrever aqui. Mas nenhuma delas é fácil, até porque posso estar enganada. Por isso resolvi escrever este texto. Pode ser que ajude a clarificar se é paranóia ou não.

mf disse...

Percebo-te bem. O problema não é conhecer o teu blog, é a forma como te deixa desconcertada. De facto, não tem piada... :S

CB disse...

mf,
Nem mais... Não piadinha nenhuma mesmo.

Paulo Lontro disse...

A situação é curiosa, sem dúvida.
Acho interessante a forma como estás a gerir a situação.
Penso que inclusive dará para ver até que ponto uma pessoa, neste caso a tal pessoa, pode ter capacidade de encaixe no caso de ser mesmo o elemento intrusivo.

CB disse...

Paulo,
Exacto. Como explicava há pouco a outra pessoa, abordá-lo directamente, se tudo não passar de uma coincidência curiosa, pode ter um efeito perverso que gostava de evitar. Pareceu-me ser esta a melhor via, mas aceito que nem todos concordem.

LBJ disse...

Olha no meu caso, havia uma pessoa que não queria nada que soubesse do meu blog e sem eu saber como descobriu, provavelmente violando o meu direito à privacidade e o que é engraçado é que de repente deixou de me importar e senti-me mais liberto para escrever, fiquei com menos um problema na vida.

Sei que não é o teu caso e que vais querer continuar com a tua privacidade mas este mundo virtual não é assim tão opaco como pensamos, acima de tudo não deves mas não deves mesmo deixar de fazer uma coisa que gostas só porque há alguém que não quer respeitar o teu espaço e a solução é mesmo enxotar quem te incomoda.

Beijos

CB disse...

LBJ,
Pois são mesmo casos muito diferentes. Eu não quero "enxotar" ninguém. Quero apenas sinceridade, honestidade. Quem sabe se, caso as minhas suspeitas não sejam paranóia, e ele me dissesse claramente que descobriu o blog, conversando eu até acabava por nem me importar? O que eu não gosto é desta sensação de um certo desrespeito. E também não o quero desrespeitar a ele perguntando-lhe directamente, se estiver enganada. Até porque é uma pessoa que, à partida, eu não julgaria capaz de fazer isto. É uma situação delicada...