Dúvidas



Uma boa garrafa de vinho depois, uma conversa de duas amigas que não se encontravam há muito tempo leva a conclusões surpreendentes. É uma amiga daquelas que, por mais que passem os anos e nos afastemos fisicamente, cada uma a seguir o seu caminho, por mais namorados e separações, casamentos e divórcios, por mais encontros falhados, quando nos reencontramos é como se nos tivessemos visto ontem. Fomos melhores amigas nos últimos três anos de liceu, e o que cimentamos nesses anos é tão forte que sobrevive a nós próprias, nas nossas individuais transmutações.

Recuperamos num instante os pedaços de vida uma da outra que não couberam nos emails, e ao fim de uma hora já acabamos as frases pela outra. Foi óptimo. Soube-me mesmo bem. E se tivesse mais vinho em casa, teria ido bem para lá das 3 e meia da manhã. Mas no fim, depois de ouvir o meu relato sobre a história do que vivi, e do que não vivi, com o homem por quem me apaixonei tontamente, pergunta-me simplesmente, com ar incrédulo: “E tu achas mesmo que isso não tem volta?!”

E lá fico, a abanar a cabeça que não, não tem, e o coração ligeiramente embriagado a encher-se de coragem para me fazer ouvir por dentro “terá?”... Mas agora estou sóbria e dou por mim a pensar nisto e a ter que escrever este post.

16 comentários:

Apple disse...

A razão dá-nos argumentos que ao coração não importam...

CB disse...

Apple,
Sei bem. No fundo, o meu coração resignou-se, mas o sentimento está lá. E certas coisas acordam o sentimento e num instante turvam a razão.

Pulha Garcia disse...

Vimos a este mundo sem manual de instruções, ma dear princess.

Tentamos, dentro da nossa correcção, o melhor. Não haveria vergonha nenhuma em voltares ao que eras antes mas lembra-te que quem ama, não magoa a partir de um determinado nível. E lembra-te também que as pessoas, na minha opinião, não mudam assim tanto...não podes esperar resultados diferentes de pessoas que nunca deram mais em determinados dossiers...

CB disse...

Pulha,
É um exercicío difícil decidir quando devemos dar uma segunda hipótese, e o benefício da dúvida, e quando devemos assumir que não há hipótese de mudança e não devemos dar mais hipóteses... Verdade que a maioria das vezes não adianta nada.

Miguel Valdujo disse...

Boa tarde (são 16:31)
Atrevo-me a pedir-lhe que me deixe partilhar consigo um curto momento;
Ouvi hoje de manhã algures na rádio uma melodia em que no refrão alguém cantava "... como hei-de voar...";
Apenas recordava estas palavras (apesar de todo o poema me ter tocado muito profundamente) e decidi ir à procura delas no meu companheiro "google";
Na escolha de uma das opções, fui distraidamente ter ao seu "Destilado";
Vi o video dos Cazino, que não conhecia (obrigado por me ter dado essa oportunidade);
Um pouco distraido, passei os olhos nos seus textos iniciais;
Também as suas palavras (tal qual o poema da música dos Cazino) me tocaram - obrigado por isso.
Contudo (que é talvez a palavra que menos gosto no dicionário) li que o seu blog é apenas para quem o merece;
Vou respeitar;
Mas apeteceu-me partilhar isto consigo.
São garantidamente mais felizes as pessoas a quem autoriza a leitura do seu blog;
Que sorte!

Atenciosamente

Miguel Valdujo
(pseudónimo)

CB disse...

Miguel Valdujo,

Agradeço o seu comentário que me parece que se reporta ao post anterior. Nesse sentido, gostava de lhe dizer que, conforme aí afirmei em comentários, reconheço que há sempre risco de este espaço ser encontrado por outros, e sei que o é, e ainda bem, que a dinâmica dos comentários faz parte do exercício.

No entanto, permita-me que duvide ter afirmado que o meu blog é para "quem o merece" simplesmente -é que não é assim para todos os desconhecidos da blogosfera para quem sou simplesmente a Princesa (Des)encantada. O que escrevi foi que este "é um espaço de introspeção e intimidade, que por isso protejo com um nick". Só para os que sabem quem está por trás do nick - o meu pseudónimo - faz sentido falar em "merecimento" e aí sim, penso que já o defini dessa forma. Nesse caso, sem dúvida, partilhar este espaço de mim é uma espécie de presente que guardo para os que me são muito especiais, é o que de mais profundo e íntimo tenho em mim. E se outros que me descortinam por trás do nick, me descobrem, que pode acontecer evidentemente, apenas considero que deviam ser leais comigo sobre isso. Nada mais.

Espero ter esclarecido o assunto e agradeço mais uma vez o seu comentário.

Miguel Valdujo disse...

Atrevimento (parte 2)

Grato pela atenção que dispensou ao meu comentário.
Em novo atrevimento, permita-me que me corrija na minha afirmação:
de facto, não li em nenhum lado no seu blog que é "para quem o merece"; não li, nem lá isso me pareceu escrito!
Apenas me pareceu "ler" nas suas palavras que quem não for honesto na leitura não "merece" ler.
Apenas isso.

Porque teve a simpatia e a atenção de me esclarecer sobre "o assunto", vou atrever-me então a ler mais alguns dos seus textos.

Miguel Valdujo

PostScriptum: Por favor não perca nenhum do seu tempo a tentar adivinhar se eu sou ou não seu conhecido, se por um caso do acaso não estou a ser leal consigo.
Não sei quem é, não faço ideia do que fala quando escreve, e não desejo em nenhuma circunstância alterar esse desconhecimento.
Cheguei aqui por um mero acaso; por um poema de uma música; acho que a vida faz bem mais sentido com estes momentos da "saudável irresponsabilidade" de (de vez em quando) nada ter de justificar, de nada ter de dar, de nada ter de pedir, de nada ter de retribuir; de apenas ser por ser, por apetecer, por querer!
Foi apenas isso que senti quando li as suas palavras.
E gostei desse sentir!
Obrigado.

1REZ3 disse...

Sou dos que dá o que tem e pode, e acaba sempre por ser-me difícil falar em 'nuncas', mas tal como já tanto se falou, há coisas que não se fazem a certas pessoas... E neste caso é-me impossivel ir para além das palavras.

Tudo de bom. Com ou sem vinho :)

CB disse...

Miguel,
Não há nada que agradecer e percebo a sua leitura.
Seja bem vindo, pois é isso mesmo que refere que pretendia que este espaço fosse, que pretendia ser neste espaço - ambos autênticos, eu sendo por ser, sem capas mas também sem expectativas de retorno. Bem haja pelas suas palavras.

CB disse...

Meu caro amigo 13,
Percebo bem as tuas palavras. E essas também são as da minha cabeça. É melhor sem vinho, que fica mais claro. Obrigada. :)

mf disse...

Lá acontece... As ondas também sobem e descem...

Força, querida. :)

CB disse...

mf,
Pois é. Mas já enjoa, sabes?... Obrigada :)

mf disse...

Ui... E eu não sei que enjoa? Eh eh
Mas pensa assim: quanto mais te enjoar, mais te cansas; quanto mais te cansar, mais te afastas; quanto mais te afastar, mais pões para trás das costas...

Lá chegas. Não te esqueças que o caminho é para a frente e que a cada dia que passa estás mais longe. :)

CB disse...

mf,
Obrigada. E sim- sei que o enjoar, neste caso, é bom, é um bocadinho mais longe... :)

1REZ3 disse...

E as ondas até ajudam a levar para longe da praia... (desculpem a intromissão)

CB disse...

13,
Boa intromissão ;)
É verdade sim senhor - elas vêm e vão e normalmente levam mais do que o que trazem.