No limbo



Acordei na preguiça de quem não tem horas. Sem planos, compromissos, vontades ou determinações. Normalmente, tenho tudo isso. Mas hoje não. Hoje o tempo não conta, não tenho pressa de viver o dia.

Há muitas coisas para fazer, mas não tenho nenhuma vontade de as fazer. Não tenho nenhum sentido de urgência, nem sequer de ordem, o que é altamente incaracterístico. Estou a pairar. A pairar sem rumo e sem preocupação de definir destino. A retemperar forças, porque sei que tenho de meter mãos à obra em tanta e tanta coisa. Mas hoje não.

Estranha serenidade que de repente me deu. Depois de um dia tão mau, de tanta tristeza que ontem senti, de tanta perda e vazio. Dormi muito mal e hoje não encontrei nem enchi nada, mas a tristeza deu lugar à serenidade. Não é nada que se aproxime de alegria, mas também não é tristeza. Não é desânimo, mas também não é esperança. É simplesmente um limbo. Mas respiro fundo.

6 comentários:

Paulo Lontro disse...

Acho que todos nós já passamos por essa ressaca, por essa sensação de orfandade..., talvez o melhor seja mesmo parar, respirar e arrancar de novo.

CB disse...

Paulo,
Essa é mesmo a palavra certa. E também acho que preciso de uma pausa, antes de recomeçar. Até já estou a escolher destinos para a pausa e também sei bem por onde tenho de ir quando voltar.

Apple disse...

É o inspirar, fundo, pausadamente...espreguiçar a alma e preparar para o novo passo. É a pausa, antes do (re)começar...

LBJ disse...

O limbo é um local de passagem e isso é o importante é que estás a passar, do futuro nada sabes mas tens as ferramentas e a coragem de derrubar os teus obstáculos e ir por onde te levam os teus próprios passos (sim estou a roubar as palavras de José Régio mas achei que se adequavam)

Beijos e uma caminhada suave

CB disse...

Apple,
É isso sim. Tem mesmo de ser...

CB disse...

LBJ,
Obrigada. As palavras do José Régio são uma boa inspiração.
Beijos