Centrifugada


Há uns dias, já faz semanas, escrevi que me sentia na máquina de lavar. E ao responder a alguém que me olhava de fora e me relatava as voltas de pernas, braços, olhos e por aí fora em género de "tela cubista", dizia que a minha perspectiva, de dentro do óculo da máquina, era mais a do mundo a rodar, ora fazendo sentido, ora de pernas para o ar. E assim tenho continuado, cada dia - cada volta, às vezes várias no mesmo dia. Acho que já entrei mesmo na fase da centrifugação, e ninguém pára a porcaria da máquina. Ainda não me afoguei mas, no fim, não sei se saio disto bem lavada, se completamente amarrotada, ou simplesmente um trapo irreconhecível. Estou cansada disto. Quero tanto viver a vida, andar para a frente, seja lá para o que fôr. Nem me posso enxugar, nem engomar, nem muito menos remendar, enquanto andar nestas voltas malucas, presa dentro desta máquina que não controlo.

4 comentários:

1REZ3 disse...

Princesa, Princesa...
Onde é que está o botão para parar a máquina e abri-la?
Se saires amarrotada não há problema, é para isso que serve o ferro de engomar :)

CB disse...

Noya,
É esse mesmo o problema - o botão está em remoto, noutra que não a minha mão. E eu sei que se sair amarrotada me engomo, ou remendo se sair farrapo, mas primeiro... preciso de sair!!

Bípede Falante disse...

saia antes que o mundo gire e você fique tonta demais para ficar em pé!

CB disse...

Bípede, estou a tentar. Mas realmente não está nas minhas mãos.