Vice-Versa

Gostava, às vezes, de voltar a ter a capacidade de dar vida às histórias simples, que se lêm e se ouvem, e que mesmo sem fazer sentido, se fazem reais. Talvez assim pudesse escrever a história da minha vida daqui para a frente, e pudesse lê-la e contá-la e vivê-la. E isto a propósito da leitura de mais uma história infantil da hora de deitar, há minutos atrás. O meu filho, no fim, depois de ter seguido atenta e animadamente: "sabe o que eu fazia se estivesse dentro dessa história?". E sabia, sabia muito bem o que faria. Acho que o pior para mim é mesmo pensar que, para além de já não acreditar nas histórias dos outros, onde hoje descortino num ápice todos os erros de trama e enredo, pelas mesmas razões não consigo escrevê-las eu, e já não sei o que fazia, realmente, se me visse dentro de uma história de final feliz. Para imaginar, também é preciso acreditar. E vice-versa.

6 comentários:

Bípede Falante disse...

Também não sei. Provavelmente, fugia!

1REZ3 disse...

E saber também... (os momentos não contam!)

CB disse...

Bípede, acho que alguma fuga eu encontrava também...

CB disse...

Noya,
Difícil de entender, desculpa. O teu "saber" será mais uma coisa que é preciso, para além de imaginar e acreditar como escrevo? Mas que sabedoria é essa?? E quanto aos momentos, eu acho que todos contam. Não duram é todos o mesmo, nem marcam todos o mesmo.

1REZ3 disse...

"E saber também" o que fazer com isso. Como dar continuidade. Falo por mim, não por ti.

(Admito perfeitamente ter interpretado mal o texto)

CB disse...

Noya,
Entendi. Saber como dar continuidade às histórias que refiro no texto. Creio que resume bem a moral da história. :)