Turvos

Já não posso escrever-te em textos, desses que lá atrás arranquei de mim, transpirados da mágoa, da tristeza, da saudade. Do amor. Sim. Já não posso escrever-te porque tudo isso é hoje, quando emerge, apenas reflexo e memória. És história. Verdade: ainda cá estás. E sei que há coisas de que não sou capaz - uma delas é esvaziar-me inteira de ti. Mas já não te posso escrever, porque tu eras isso que eu senti, isso que eu era por ti, isso que eu sabia bem onde estava em mim e porque me atormentava. E agora, és só um rasto difuso, és enredo de outro capítulo, nesta história que continua. Já não te apanho nítido, já não te sei onde em mim.

2 comentários:

Anónimo disse...

...encontram-se no mesmo caminho, em sentidos opostos. onde estás? em mim já não sei.
depressa se entra e com pressa se sai. rápido, velocidade turbo.

CB disse...

Anónimo, a velocidade é como o tempo, ou a distância: relativa e distorçora... Há turbos, e turvos.