Música para lavar a alma

Gosto muito de música. Tinha uma boa colecção de CDs mas perdi muitos deles com o meu primeiro divórcio. Depois disso, não sei porquê, deu-me para não comprar CDs. A maior parte dos que tenho hoje foram-me oferecidos. Durante o meu segundo casamento, afastei-me da minha música, porque ele não gostava do que eu ouvia e eu detestava o que ele me queria impingir.Depois, dei por mim outra vez à procura da música. A aproveitar os dias em que o miúdo está com o pai para ouvir a minha música. E em cada CD que pego descubro qualquer coisa. E então ouço até à exaustão. Comecei a comprar CDs outra vez, comprei um iPod.

Num dos CDs novos que comprei, encontrei um poema extraordinário. A música é linda, na voz de Maria Creuza e Vinicius, interrompida, ou melhor, enriquecida, pelo declamar deste poema que é TUDO o que se pode dizer, o que se pode querer, do Amor. Chama-se Soneto da Fidelidade. E, o mais espantoso deste poema que sei de cor e nunca hei-de esquecer, é que se atravessou inesperadamente no meu caminho e um dia, meses depois, me ligou de uma forma especial a um alguém especial também, que eu vi sentir com estas palavras a mesma intensidade que eu sinto.

"De tudo, ao meu amor eu seria atento
antes. E com tal zelo, e sempre, e tanto,
Que mesmo em face do maior encanto,
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto,
E rir meu riso e derramar meu pranto,
Ao seu pesar, ao seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
quem sabe a morte, angústia de quem vive
quem sabe a solidão, o fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama,
Mas que seja infinito enquanto dure"

Chorei com isto. É tão bonito. Queria encontrar um Amor assim. Só assim.

Pois, também gosto muito de poesia e é uma das coisas de que gosto na música. Leio bastante e escrevo alguma (aqui não, prometo, só a que outros escreveram...). Dos portugueses, o favorito é sem dúvida Fernando Pessoa, tanto os poemas como a prosa. Mas alguns dos melhores poemas que encontrei até hoje foram escritos por Maya Angelou. Que pena que só a descobri tão tarde... Mas estou a recuperar depressa! Encomendei um livro dela e até paguei uma fortuna pelo envio, só porque não aguentava esperar 8 a 16 dias úteis! Está até hoje na minha mesa de cabeceira, e de vez em quando mergulho numas tantas páginas. Também faço o mesmo com a Antologia Poética de Vinicius de Morais.

Não é música, mas sabe ao mesmo.

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