As portas que fechamos

Depois do meu filho nascer, tendo penado e penado, antes, durante e depois, jurei que nunca teria outro filho.

Foi um suceder de dificuldades nos primeiros meses. Não dormi uma noite de seguida durante mais de 2 anos, estive com ele internado no Hospital, passei por um não acabar de doenças e corridas para hospitais e pediatras, finalmente uma cirurgia aos 27 meses. Vivi em suspenso no termómetro e na enorme farmácia que juntei em casa, de tal forma que não conseguia viver mais nada. Ou ser mais nada.

Continuo sem ”vontade” de ter mais nenhum, porque tremo de pensar em passar por isto outra vez. Mas agora é mais fácil. Diminuiu o número de doenças mas também consigo lidar com as que surgem com mais tranquilidade. Como me dizia a minha Mana, antes eu era “a Mãe do L” e agora sou isso também, mas sou muito mais. Também era porque a “Mãe do L” não tinha de pensar noutras coisas... E agora “eu” enfrentei-as e quero ser mais...

Mas de repente dei comigo a perguntar à minha ginecologista, sobre o DIU, como era se nos 5 anos de “duração da coisa” eu quizesse engravidar! Quase que nem acreditava que tinha feito a pergunta, parecia que aquelas palavras não eram minhas. Tinha de me perguntar porquê.

Porque...

Porque vejos estes próximos como os últimos 5 anos de vida em que ainda posso pensar em ter outro filho. E de repente percebi que gostava de uma segunda oportunidade de viver a experiência da maternidade de uma mais forma feliz, com um companheiro de mim e dessa experiência, com amor, com partilha, com abraços. E dei comigo a pensar se realmente quero fechar essa porta, que pensava trancada, e afinal ainda está aberta no meu subconsciente. Parece que não quero fechá-la. Só encostar. Se vier um sopro de Amor a sério que precise de ir por ali, posso querer abri-la.

Ou seja, no fundo, no fundo, porque...

Porque acredito que esse sopro pode acontecer. E fiquei estupefacta com esta conclusão.

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