Lições de 2008

No último dia do ano, acordei a sentir ter chegada à meta. A uma meta inglória, sem troféu nem pódio, mas ainda assim, uma meta.

Referi 2008 como um ano mau, o “ano horribilis”, e por aí fora. Pensei em tudo o que o que me aconteceu ao longo do ano, tudo o que vivi, tudo o que sofri. Foi realmente duro. Chorei muito, penei muito. Lutei por tudo o que quiz fazer – o que tinha de fazer por mim.

Mas consegui. Ficaram marcas, claro. Umas ruguitas e alguns quilos perdidos, ainda às vezes uma angústia de não saber bem por onde vou, para onde e porquê. Mas sei que, pelo menos, já não vou no caminho que não queria, já não vivo presa a um eu que não era. Tenho um destino, uma nova meta. Dei-me a oportunidade de tentar ser “feliz” e hoje sinto que não só mereço, mas me devo, essa meta.

Pelo caminho, também aconteceram coisas maravilhosas. Despertei para mim, descobri no espelho, em conversas, e sobretudo na minha escrita, uma mulher que ainda é bonita, que tem boas coisas por dentro. Que gosto de mim como sou, e como começo de novo a mostrar que sou, e que ainda sei crescer e aspirar a ser muito melhor.

Fiz amigos, de vários géneros, mas todos me fazem hoje sentir que valho realmente a pena, que a minha existência é real para os outros, para o mundo, que outros gostam também do que vêem e ouvem em mim. E eu gosto de ter outros na minha vida, lembrando-me de algo, há muitos anos atrás, que me disse o meu Avô, uma das pessoas mais especiais da minha vida e a mais saudosa na minha memória. Disse-me ele, numa discussão sobre individualismo, porque eu achava que cada ser humano se devia poder bastar a si mesmo, que estava enganada e que os homens são ilhas que só prosperam se se ligarem a outras, se souberem construir pontes.

É.

Mas, sobretudo, ganhei uma amizade tão, tão especial, tão, tão profunda, que já não saberia viver sem ela. Mais que uma ponte, é um alicerce de mim mesma, que me tem ajudado a chegar ao meu melhor, a olhar para o meu pior, e a reunir as forças para lutar pelo que quero, contra o que não quero. Que me deu um ombro generoso para chorar quando não aguentava mais, abraços de reconforto e de partilha de pequenas felicidades. E que eu quero poder retribuir sempre que puder, sempre que ela precisar, não por gratidão, que tenho, mas simplesmente porque gosto tanto dela.

No final, cheguei ao fim de 2008 melhor do que 12 meses antes. Ainda com muito que resolver, que lutar, que sofrer, pela frente. Mas fechei um ciclo, andei para a frente, consegui o que queria, e foi o primeiro passo para que 2009 me possa trazer mais e melhor, e para ter esperança e confiança no amanhã.

Por isso, afinal, 2008 até foi um bom ano para mim. Fiz as pazes.

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