No Supermercado à hora certa

Ela acorda de neura, sem nenhum motivo em particular, e depois de preguiçar bastante, e sem perspectivas de companhia imediata, acaba por decidir ir à lavandaria do centro comercial, pelo que aproveita e trata do supermercado logo por ali, apesar de geralmente preferir ir a outro lado. Ela percorre os corredores que conhece mal, enchendo o cesto que empeça em tudo o que é lado, porque é prático ter rodinhas - sim senhor, mas a largura dos corredores não está para essas modernices, muito menos os empregados que fazem a reposição de artigos sem se importarem com o estorvo que causam aos clientes.

Num desses corredores, ele quer passar, mas o cesto dela não lho permite. Ele pede licença, ela olha para trás, pede desculpa e move o cesto. Ele sorri, ela também. Ele pára um pouco mais à frente, olha-a de lado e, quando é a vez dela passar, é um embróglio de cestos e rodas. Riem ambos do caricato da situação e cada um segue o seu caminho.

Ela espera bastante na fila da caixa e, quando começa a pôr as compras no tabuleiro, percebe que ele está mesmo atrás. Ela faz de conta que não vê, ele não faz por disfarçar que a olha. Ela arruma as compras, paga rapidamente e segue caminho. Na espera do elevador, ele aproxima-se e pergunta-lhe se ela quer ajuda com o saco (monstruoso e claramente pesado, apesar de amigo do ambiente), que ela recusa com um sorriso. Segue-se uma dança de elevadores a abrir e fechar portas, ora a subir em vez de descer, ora não permitindo espaço a mais ninguém. Num deles, cabe mais um, mas ou é ela ou as compras, por isso passa, e ele também. Ele comenta que devia estar calminho, num domingo, dia 2 de Janeiro àquela hora, e ela responde que pois, mas não está. Enquanto isso, ele mexe no telemóvel e ela anda de uma porta para a outra, à espera do elevador certo. Entram finalmente os dois no mesmo, ela arruma-se ao fundo com o grande saco à frente, ele fica junto à porta, várias pessoas pelo meio. Ela sai primeiro, ele olha-a de frente, ela sorri ao passar, e ele diz-lhe “Até para a semana”.

Ela vai a rir até ao carro, e boa parte do caminho, pensando “'Até para a semana'?? Muito à frente..." Mas passou-lhe a neura, chega a casa mais bem disposta e pensa que a primeira ida ao supermercado do ano deixa história, ainda por cima uma boa história, e é só isso que quer de cada dia do resto do ano. É preciso é sair de casa. E qualquer hora é a hora certa.

4 comentários:

Bípede Falante disse...

Adorei :)
Esse encontro promete!!!!!
beijos

CB disse...

Promete nada, Bípede! Foi só uma história gira, sem continuação. :)
E Bom Ano já agora!
Beijos

Apple disse...

Querida, "não negues à partida..." AHAHHAHA
Bom augúrio esta história gira.

Beijo grande e até breve

CB disse...

Apple, ahahahahahahahah! Mas espero que seja um bom augúrio sim.
Bj e até muito breve!