Não sei se peça mesmo...



Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.

("Súplica" de Miguel Torga)


... porque me habituei demais a viver dessa sede de sal. Mas gosto do silêncio, da calmaria, e sei que o sal das palavras já não me chega.

4 comentários:

Pulha Garcia disse...

Adoro Torga. Ensina, reflecte e acerta.

A vida sem sal não é bastante.

Paulo Lontro disse...

Há um ditado em Itália que diz:
"Quem mete a pasta, salga a panela".

Esta regra é seguida à risca por quem cozinha naquelas bandas.
Eu acrescento que, quem salga decide a quantidade de sal a colocar na panela...

Hai capito...?
:)

CB disse...

Pulha,
Também gosto muito de Torga. A vida sem sal é insonsa, mas nem só de sal vive o homem. E água salgada não mata a sede, por isso é melhor evitá-la se é a sede que se quer matar.

CB disse...

Paulo,
Belo ditado. E sim, é isso - decido quanto salgar, ou não salgar. Ho capito, grazie. :)