Quero

Quero a tranquilidade do mar, a cadência das ondas num embalo, o ar fresco que me deixa respirar e o sabor a sal que me pacifica dentro. Quero a paz do azul matizado de cinza ao longe, na melancolia pacífica da eterna distância. Quero o eco do silêncio submarino, o enigma de tudo por explorar. Quero o toque suave da água e a leveza da brisa, quero a paz em calmaria. Mas quero o turbilhão do inferno, o estremecimento de um abanão, braços e boca que me tiram o ar de dentro, os pés do chão, os gritos da garganta. Quero o vermelho tingido de sangue que ferve, na paixão tumultuosa de uma presença inadiável. Quero o ensurdecedor rugir de posse, a certeza que desbrava tudo. Quero o toque que vinca a pele e a fúria do tornado, quero a guerra com valentia.

Um amor, por muito que seja, por mais puro e doce que se afirme, se é só mar, simplesmente não me chega. Quero mais, quero tudo, tudo o que sei que existe. Quero uma dose de paixão desenfreada para outra de amor puro. Paixão sem amor do outro lado já quase me matou, mas amor sem paixão de qualquer lado não me deixa viver. Quero os extremos, à imagem e semelhança do que sou. Quero a loucura de continuar a sentir que mais louca seria se aceitasse menos que a plenitude. Quero a seda fria e suave para adormecer e quero o cobertor quente e áspero para não desvanecer. Lentamente me consumo e mato com o veneno desta dualidade. Quero desesperançadamente acordar em liberdade.

5 comentários:

1REZ3 disse...

E eu quero que obtenhas isso e mais.

Embora perceba o que queres dizer com isso, também sabes de quem te de partir grande parte da "vontade" para isso se concretizar.

Bj.

1REZ3 disse...

"quem tem"

CB disse...

Noya,
Seria tão simples se dependesse de vontades e se estas se pudessem alinhar.
Bj

1REZ3 disse...

Depende sempre. Mas tu sabes o que quero dizer também (tal como sei que não é tudo assim tão fácil).

Bj.

CB disse...

Noya, depende, mas não em exclusivo, era o que queria dizer, e que tu aceitas referindo que "não é tudo assim tão fácil".
Bj