Metamorfose


Disserto aqui sobre o que fazer ao “(des)” do meu nick, que urge fazer desaparecer. Não só porque estou hoje onde não estava há um ano atrás, mas também, como me alerta um amigo, porque não poderei estar onde quero daqui a outro ano enquanto ali estiver o desafio da negatividade. No entanto, não quero simplesmente retirar o “(des)”, pois não gostava de ter de o voltar a instalar, e não sei o que me reserva a vida. O encantamento comporta também essa turtuosa ameaça de poder ser passageiro.

Passaram-me diversas alternativas pela cabeça, discuti algumas (obrigada mana, pela paciência!), e até disparatei com alguém ao ponto de chegar a pensar em combustíveis e inflamáveis, pelo que passaria a ser qualquer coisa como “Princesa Sem Chumbo 73”.

Princesa fica, que quero mesmo ser Princesa, e sou Princesa de muitas formas, e quero ser tratada como tal um dia pelo Príncipe que hei de encontrar (se não encontrei ainda...). Não quero usar o meu nome próprio, por isso também não quero usar outro nome próprio, que me sentiria enganadora. Assim, “Esmeralda”, a minha pedra preciosa favorita, ou “Clara”, em alusão a clareza, claridade e luz, não servem. Diz que tem de ser alguma coisa doce, que me reflicta de alguma forma, e lá percorremos as despensas e livros de receitas à procura de inspiração. Surge a baunilha, côr da pele em gelado, surge o praliné, muito doce e dourado, surge o merengue, branco, doce e leve, e quase me tento por “Princesa Merengada”.

Divagando também por outros caminhos, e em alusão a uma “private joke”, também me tentei com “Princesa Vesúvio”. Depois desisti, que ía ter muito que explicar... O que quero é ser Princesa que encante e que se encante, sempre e para sempre, mesmo que seja aos bocadinhos de cada vez. E acabo por quase resolver que passo simplesmente a “Princesa dos Encantos”. Mudava uma só letrinha e desapareciam os parêntises, mas fazia toda a diferença... Só que gostava, se possível, que tivesse a ver com destilar. Então, surge “Moscatel”, um doce destilado, dourado e enebriante, que ainda por cima é de Setúbal (e porque é que isso é relevante, agora não interessa nada). Quase, quase desisto, balanço com a hipótese dos encantos, mas depois decido-me e sou a partir de hoje, também como um acto de fé, a “Princesa Moscatel”.

PS: Depois descobri que é um "licoroso" e não exactamente um "destilado", mas isso agora também já não interessa nada!

22 comentários:

1REZ3 disse...

Se não se levar em conta o que significa Moscatel e até parece saído de um livro de contos :D

Princesa era como te tratavam e Princesa continuará a ser como serás tratada :) É o que importa.

PS: Eu disse que cá estaria para ver o (des) "cair" ;)

CB disse...

13,
Não sei bem que significado é esse a que aludes, que não encontrei nada de relevante. Mas sim, continuo Princesa.

PS: Pois... :)

1REZ3 disse...

Reconstrução:
Apesar de ser uma bebida alcoólica... (Não que tenha mal e a escolha para o nome entende-se bem).

PS: Realmente "significado" parecia ter algo por detrás...

Anónimo disse...

Querida Mana,
Gosto!!
Se por laços de nobre parentesco és moscatel, serei eu agora uma "Colheita tardia"? :-D

CB disse...

13,
Ok. Realmente foi o "significado" que me baralhou.

CB disse...

Mana,
Ainda bem, obrigada. :)
Agora quanto ao resto... será "vintage"?... Está muito na moda! :D

Dry-Martini disse...

Bonjorno Principessa :)

XinXin Destilado .)

Anónimo disse...

Mana
Vintage ainda não, se bem agradeço o depurado de colheita, para estar envelhecida em cascos e conservada a evoluir na garrafa com teias, ainda me faltam uns anitos :-)

CB disse...

Bonjorno Dry Martini :)

Xin-Xin daqui também :)

CB disse...

Mana,
Não me referia a teias de aranha... Vê lá se não te assenta seres um Porto Vintage:
"Pode-se considerar a coroa de glória do Vinho do Porto. É um vinho de uma só colheita, produzido num ano de excelente qualidade, com características riquíssimas, como aromas e sabores finos. Um vinho do Porto Vintage só pode ser declarado após a aprovação do Instituto do Vinho do Porto, como possuindo todas as características necessárias e suficientes para ostentar a designação “Vintage”, de acordo com a regulamentação atrás referida. Esta aprovação dá-se aos dois anos, em que o vinho deve apresentar-se muito encorpado e retinto. Com a sua evolução/envelhecimento em garrafa, irá tornar-se elegante e suave, tornando-se num vinho equilibrado que será muito complexo e distinto. Depois de alguns anos em garrafa, geralmente associam-se a estes vinhos aromas de torrefacção, tais como chocolate, café, cacau, etc.; também aromas de especiarias como canela, pimenta bem assim como por vezes aromas frutados"
Hem?... :D

Anónimo disse...

Pois... Uhmmmm, tanto para elaborar e tão pouco espaço. :-D

fd disse...

Princesa,
Gostava do (des)cantada e da forma correspondente como escrevias e até achava que o "des" podia ser lido conforme a ocasiões. Compreendo que queiras libertares-te desse peso e não olhar para o "des" todos os dias. Apreciadora dos prazeres da vida e significando a designação tudo o que descreveste, parece-me Moscatel uma óptima escolha. Sendo o tom do moscatel um degradê e possibilitando, adicionalmente, a modificação da cor conforme o ponto de observação, mantendo a respectiva transparência, continuará a traduzir os vários estados de alma subjacentes aos teus textos, de que continuarei certamente a gostar.

catwoman disse...

Essencialmente és uma princesa,não interessa se licorosa ou destilada :)
Bjs.

CB disse...

Pois... hmmmm... :D

CB disse...

fd,
Gostei muito da tua "interpretação" dos degradés do Moscatel. Espero que os próximos textos, provavelmente menos desencantados, ainda assim não desiludam.

CB disse...

Catwoman,
Obrigada! :)

rose disse...

A doçura do moscatel nas vinhas do Douro...que saudades...

.
Ainda bem que tudo acabou em bem.

CB disse...

Rose,
O que acabou ficou lá atrás. E agora alguma coisa nova começou. E espero que se mantenha doce e envelheça suavemente...

LBJ disse...

Destilado ou licoroso, who cares é um vinho generoso e doce e belo e cheio de personalidade a descobrir em cada trago, bem vinda de novo :)

Beijos

CB disse...

LBJ,
Sejas bem aparecido! :)
Obrigada pelas considerações sobre o vinho... Sendo ainda Princesa, agradeço com vénia. :)
Beijos

Paulo Lontro disse...

De facto a Casta Moscat é fascinante, existe em muitas variedades e em vários lugares, desde o lugar onde ganhou fama Frontignan e França, passando pelas encostas de Asti em Itália (espumante), à “incógnita” ilha de Pantelleria (ilha Italiana mas a 70Km da Tunísia, onde se vinifica como “passito” ou seja, colheita tardia), Califórnia, ilhas Gregas, África do Sul e a nosso Moscat, cá denominado “Moscatel “ onde tem a fama o de Setúbal, mas também no Douro começam a fazer-se vinhos interessantes.

O Moscat tem um inconfundível aroma predominante a flor de laranjeira. Na versão colheira tardia tem aromas de mel e damascos secos.

Também há destilado do mosto do Moscat e posso mesmo dizer-te que são águas ardentes muito macias e aromáticas. Há em Itália Grappas fenomenais feitas com moscat.

Ou seja com a casta Moscat fazes bons destilados !

Bom, podia dissecar esta casta, mas como tu dizes, isso não interessa para nada.

Quanto a (DES)… !!!

:)

CB disse...

Paulo,
Obrigada pelo contributo. Mais uns quantos bons pontos a favor da escolha de Moscatel. :)

E do "des"... Obrigada! :)