Mais do Tempo



E pronto, é isso. Ainda não sei se é Príncipe, mas é, definitivamente, uma espécie de sapo diferente. E assim são, sem sombra de dúvidas, tempos diferentes, e o tempo a correr de forma diferente.

Isso continua a ser a minha angústia, a minha dúvida, porque as vidas que levamos nos obrigam a uma certa distância. Por causa da minha “vertente mãe”, com disponibilidade mais reduzida e horários mais limitados em semanas alternadas. E por ele, os compromissos profissionais, viagens pré-marcadas, etc. Azar, é que têm calhado muitas dessas coisas nos dias da minha “vertente mulher”.

Ou seja, a gestão dos nossos dois tempos traduziu-se em poucas horas partilhadas presencialmente, e quase todas concentradas na mesma semana. Ele aponta que houve coincidências azaradas. Promete-me que não costuma ter a vida assim tão ocupada, e reiteira que se vai “organizar melhor”. Tenta compensar com SMS’s e telefonemas, espalhados ao longo do dia, e ainda não falhou um bom dia. Almoçamos sempre que possível e até já virou a vida do avesso por uns minutos só para me dar um abraço. Há que dar-lhe crédito, ainda por cima porque eu não cobro.

Mas isto para mim é tortuoso. É assim um limbo. Mas afinal eu tenho namorado, ou não tenho? Partilha? Partilho? Como é isso de ter um namorado e estar sozinha?... É quase um namoro à distância.

É difícil, e demasiado perigoso, sobretudo numa fase tão inicial em que se quer tempo e espaço ocupados pelo outro, progressivamente, mas a ganhar balanço e não com interrupções abruptas que nos param a meio o mergulhar da descoberta e da entrega. É que nos espaços vazios de entretanto, crescem outras coisas. Dizia-me alguém que tudo seria melhor se o incluísse mais na minha vida. É verdade, mas isso pressupõe apresentá-lo ao meu filho, algo que acho ainda muito cedo para equacionar. E depois, isso é um caminho que também é preciso que ele queira fazer. E na realidade, não consigo perceber isso com SMS’s, telefonemas e Messenger. Há coisas que só serão claras com o passar do tempo e, sobretudo, com o passar do tempo juntos.

O futuro é sempre uma incógnita. A vida está cheia de surpresas, e eu que o diga, que tenho tido uma catadupa delas nos últimos tempos. Mas é complicado viver quase permanentemente na dúvida, e viver quase sempre num futuro projectado que se torna presente esporadicamente, e que voa demasiado depressa.

14 comentários:

Paulo Lontro disse...

Calma, não comeces a inventar problemas... deixa correr, eu não vejo vantagens em viver futuros programados, onde, como dizes a incógnita é a única constante, o presente é já bem complexo e bom para ser vivido a 100% logo... a única vertente é uma vertente muito boa, a vertente "EU" e não a vertente X e a Y e a Z.... certo?

Quando a vertente "EU" está bem, e vive o presente, bem estará, muito bem estará, o filho e o amante, é a vida, não há nada a inventar.
kiss lontro

:)

1REZ3 disse...

Como resposta acho que se adequa ler-se primeiro o último texto.

Creio que já sabes aquilo que penso quanto ao que constroi e reforça uma relação, não vale a pena perder tempo a falar disso (valer vale sempre, mas por escrito não importa muito por agora).
Seja como for, tens que ter em consideração que as coisas não mudam assim de repente. A vida que vem de trás não se altera assim, de um dia para o outro. Mais a mais vindo de ti, Princesa, que tens como ideia base a calma e temperança - passo a passo.
Dar demasiado tempo é mau - e perde-se muito do fulgor e da vontade - mas ir demasiado depressa pode precipitar muita coisa também...
Quando tens tempo ele está ocupado? Dá a volta e antecipa as tuas outras coisas para essas alturas.
E mais uma vez, retira esses pesos dos ombros e suaviza a mente.

Sabes que mais:
http://www.youtube.com/watch?v=7FmognvrztU (parece que vai parar tudo aos mesmos :))

If you're ment to be, I can not answer, but Rome was not, in fact, built in a day... Até lá, sem stress ;)

Boa semana.

CB disse...

Paulo,
És capaz de ter razão - "não há nada a inventar". Há muito a aprender, tão só. Porque a vertente "EU", neste momento, não está totalmente bem a viver o presente. Vai estando, e não estando. É muito estranho.
Kiss :)

CB disse...

13,
Muio boa escolha "ilustrativa"... :)
Tudo certo quanto aos "demais", seja depressa ou devagar. O que falta é constância, e uns episódios difíceis de entender pelo meio. Mesmo tendo em conta que a vida que está para trás não se pode alterar por completo, e ainda menos de repente, a vida que está para a frente já se devia programar de outra forma. Como me sugeres que eu faça. E as escolhas que se fazem nesse plano, de futuro, de programação, também dizem muito de onde se inscrevem as várias prioridades.
Construindo Roma. Com uns soluços... :)

1REZ3 disse...

Princesa,
bem sei que quando as prioriadades vão noutro sentido as dúvidas se adensam. E claro que falo com base numa cronologia que me é desconhecida (mais esses "episódios difíceis de entender") mas como já vem lá de trás, não entre com tudo em jogo. E mais que isso, ansiar é sempre a pior coisa a fazer. E como evitar isso?
Pois... Falar é bem mais facil que fazer.

PS: Quanto à questão de o incluires na tua vida (apresentando-o, por ex., ao piqueno) não creio ser o mais sensato por agora (desculpa a sinceridade). Mas como disse, desconheço a cronologia da relação, e posso estar a falar de mais (para além do que já estou).

Paulo Lontro disse...

Moscatel, eu sei que não anda, ainda não anda a viver só o presente, é necessário ser paciente, mas no dia que assim for, viver apenas o presente, vais ficar em paz.

Muitas pessoas pensam que não se apender a alterar a forma como se vive o tempo, mas sabes que isso é possível, há estratégias que facilitam essas atitudes. Be free to ask... !

:)

Eish disse...

Como te entendo! Um conselho: já não pode ser como era antes, na era a.m. (antes de ser mãe). O que significa que não lhe exigas o mundo. Vai com calma. Princesa: aproveita o tempo e tem paciência. Eu não a tive...

Imaculada

CB disse...

Paulo,
Obrigada. Estou a descobrir essas formas diferentes de viver o tempo em várias vertentes da minha vida, e todas ao mesmo tempo... Às vezes as coisas baralham-se...
:)

CB disse...

13,
Pois é mesmo: falar é mais fácil que fazer. Quanto à cronologia, até isso é difícil de estabelecer. A história parece que salta tempos. Ou tem falta deles.

CB disse...

Imaculada,
Gostei da "era a.m."... É isso também que complica tudo na minha cabeça, sem sombra de dúvidas. Estou a fazer um esforço de paciência, mas tenho de ir soltando uns desabafos...

mf disse...

Dá-lhe tempo, querida. Para tudo é preciso paciência, sobretudo quando há medos, dúvidas e inseguranças. Melhor ir assim, devagar, com desencontros que fazem desejar mais para conhecer melhor, do que ir à velocidade da luz e desatar a pensar que se está a avançar demasiado depressa, correndo o risco de te deixares dominar pelo medo...

fd disse...

Os primeiros pensamentos que me ocorreram foram os básicos "quantidade não é qualidade" e "é preferível a qualidade à quantidade" mas realmente não são adequados à questão que levantas, mais centrada na possível falta de sincronismo na velocidade, profundidade e interesse na entrega e no conforto que te daria não ter espaços vazios para "crescerem outras coisas", presumivelmente dúvidas. Ou ainda, saber o mais rapidamente possível o que inevitavelmente saberás daqui a uns tempos, seja lá o que o for. Inevitavelmente, a convivência habitual trará outros tipos de prazer ou o chamado desgaste. Não transparecem razões para duvidares das coincidências e elas inevitavelmente terminarão, portanto a oportunidade surgirá, naturalmente. Acho que podes confiar nos teus instintos e capacidade de os racionalizares. Em relação a não cobrares... posso ter percebido mal mas as lacunas de comunicação podem ir crescendo de pequenos episódios em que faria falta a exteriorização do que se pensa, num equilíbrio que saberás fazer conforme o que sentires. Os desabafos não têm de ser só aqui no blogue. :)

CB disse...

mf,
É bem verdade que demasiada velocidade geralmente me assusta. O mais importante é que a velocidade dos dois, as expectativas dos dois, estejam sincronizadas. E neste momento, às vezes não estão. Baralha-me. E fico impaciente quando não entendo alguma coisa, até quando não me entendo a mim própria.

CB disse...

fd,
"Chapeaux". Em tudo o que escreves estão os busílis da questão. :)