Na fronteira

Resolvo fazer por dias melhores. Não quero continuar a boicotar-me, encarnando a ridícula figura do quero-mas-não-quero, queixando-me da solidão e do deserto, mas arranjado desculpas para não dar hipótese aos outros. Como o (auto)boicote, já repetido, ao jantar com um prometido-hipotético-suposto príncipe, apalavrado para o seu regresso das paragens mais quentes por onde agora anda. Mas não sei se vou a tempo (nem se quero ir, quer dizer, mas até quero, claro que sim, apalavrei-o - coisa parva!).

Neste esforço de reviravolta, começo pelo mais fácil: o de fora. Sei que parece fútil, aqui perco metade dos meus três leitores, mas na verdade isso obriga a uma pose que, mesmo sendo quase disfarce de início, aos poucos sistematiza posturas e comportamentos que, ao retro-alimentarem o ego e dando umas palmadinhas nas costas da auto-estima, acaba por gerar um ciclo de - digamos - "positividade". Às vezes, é tão simples como aligeirar um pouco os dias, com as histórias e piropos de que se recheiam assim (sou vaidosa, realmente, uma fácil, lamento.)

É o começo. É obrigar-me a sair da minha bolha, correndo os inevitáveis riscos. E sinto que preciso desses riscos porque me falta adrenalina, aventura, inesperado. E outras guerras para vencer. O que me leva até, por vezes, a fazer coisas estúpidas, mas para as quais avanço num impulso de ousadia, de vontade de experimentar diferente, dar hipótese à surpresa. Não se diz que, se fizermos as coisas sempre da mesma maneira, não podemos esperar resultados diferentes?

Depois... depois, tem momentos em que me pergunto: será isto o desespero? Será isto sinal de que me está a pesar demais a angústia da solidão hoje e a perspectiva de um "e foi sozinha para sempre"? Estou um bocado baralhada, mais uma vez. Sei que preciso de me agarrar a qualquer coisa para inverter o ciclo dos últimos tempos. Mas não sei se estou a ser inventiva e ousada, ou apenas mesmo desesperada. Há uma linha muito ténue por aí, parece-me. Sim, há - com certeza. E desesperada também não quero ser. Credo.

2 comentários:

Raquel disse...

por dias melhores...
http://www.youtube.com/watch?v=BBMejCjliCw

CB disse...

Raquel,
Obrigada. Venham eles, os dias melhores.