Estranha-se, sim, mas entranha-se

Abençoadas segundas-feiras que devolvem sentido às horas, marcadas em calendários de dias ocupados com tarefas, reuniões e deadlines. Abençoadas segundas-feiras que, pelo meio do vazio da vida, que é a mesma vida e o mesmo vazio, marcam um ciclo de cinco dias com horas para, com horas de, com horas contadas e usadas. Malditas segundas-feiras que mostram tão inequívoco o vazio do tempo que fecham, o vazio do tempo que abrem, a incógnita do sentido com que me movo.



"Como é estranha a minha liberdade
As coisas deixam-me passar
Abrem alas de vazio para que eu passe
Como é estranho viver sem alimento
Sem que nada em nós precise ou gaste
Como é estranho não saber"

Sophia de Mello Breyner Andresen

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