Melancolia

A minha melancolia é uma maré vazia. É um ciclo em que o meu mar retrai, deixando fora da linha do horizonte a sua imensidão, deixando longe as fortes vagas, a brava espuma. É uma maré que apenas deixa chegar à praia pequenas ondas, frágeis, cansadas, que varrem a areia com lentidão e tristeza.

A minha melancolia é uma mão vazia. É uma solidão, uma ausência, é cinco dedos que nada tocam. Dedos sem sentido porque nada lhes exige a força e o engenho de segurar ou amparar. É uma mão que não passa calor nem expressa sentimentos, que apenas se move, vagarosa e fria, ao som do silêncio.

A minha melancolia é uma estranha nostalgia. É uma saudade do que foi e do que ainda não foi, numa mistura de tempos e realidades. É um desejo de passado e uma saudade de futuro. É uma nostalgia doce das dores que já sofri, e um sofrimento nostálgico pelo que ainda não vivi, que me cala a voz e me fecha num tempo que não existe.

5 comentários:

CB disse...

Noya,
...

Anónimo disse...

Mana,
Oh tristinhos... As melancolias são nózinhos não desatados que como cilícios apertam as coxas, não é?

CB disse...

Mana,
São uns novelos, cheios de nós e fios embaraçados. Apertam sim, apertam a alma. Só não são cilícios porque não é bem um castigo auto-imposto. Hmm... Talvez um bocadinho...

Anónimo disse...

Mana, Um bocadinho sim, assim como quem não quer a coisa :-)

CB disse...

Como quem não quer, pois... :)