Ultimatum


Muito bem. Assumi o risco, abri-te a porta. Tu foste entrando. Devagar, fui-te deixando puxar as pontas do meu emaranhado próprio e único, talvez um pouco assustador, eu sei. Não tiveste medo e disse-te: Toma. Dou-te. Está tudo aí. Grandezas e miudezas, grandiosidades e pequenezas, bons e maus, claros e escuros, sopros e ventanias, sussurros e gritos, certezas e dúvidas, alegrias e angústias. Mas espera... tens de puxar os fios todos. É que enredada no emaranhado por desfazer eu sei viver. Solta dele, um dia, talvez seja mais feliz. Mas a meio não. Se só puxas uns quantos fios, conforme o que te agrada ou te convem, eu puxo de volta. E sabes?... Pôr-te os fios todos na mão, até os que me custam mais, que me prendem mais, é acto de fé, e de coragem. É despir-me. É dar-me. Sim eu sei... É o tudo ou nada. É corpo “e” alma que te dou. É um dar que não me faz sentido quantificar. Não é muito nem pouco. É dar, simplesmente.

Toma. Dou-te. Aqui está. Sou eu. Toda de mim. Vê bem agora se me queres assim, toda, ou larga os fios que te sabe bem puxar. Fazes-me mal assim. Tenho frio.

12 comentários:

Paulo Lontro disse...

Às vezes, tem de ser... siga para Bingo!

CB disse...

Paulo,
Não sei ainda se este cartão ganha ou não. Jogo até ao fim.

Paulo Lontro disse...

E não é sempre assim?
Claro que jogas!

CB disse...

Paulo,
Comigo é...

catwoman disse...

Há sempre um dia para fazer Bingo! mas tem que se ir mesmo até ao fim, depois de decidirmos jogar, não se desiste.
Beijinhos.

fd disse...

Estou a repetir o que escreveste mas a dádiva é de tudo, pois claro. A comunicação é o alicerce e esta só existe, a este nível, com sinceridade, frontalidade e acção... recíprocas, caso contrário o que me ocorre é uma palavra... desiquilíbrio, que mina qualquer relação. E parece que tens a coragem de o dizer... tens frio.

CB disse...

Catwoman,
Para mim o jogo acaba quando tem de acabar. Mas não desistência.
Beijinhos

CB disse...

fd,
É, de facto, uma questão de equilíbrios. Ou falta deles. Que me enregelam e que tenho de resolver de alguma forma. Dizer não chega...

1REZ3 disse...

O que é que achas que está a falhar?

CB disse...

13,
Tomara eu poder dar-te uma resposta clara. "Can't put my finger on it", mas penso que é essencialmente o equilíbrio que falta, em várias vertentes. E um misto de falta de confiança e de entendimento, o último, de parte a parte. Difere (desiquilíbrio) a forma como cada um se dispõe a esclarecer e a procurar esclarecimento.

1REZ3 disse...

Princesa,
é a tal questão do tempo. Acredita que compreendo a questão do tempo perdido e da necessidade de o recuperar e sei que quando estão envolvidos sentimentos por outrém é complicado ver com clareza e avançar com calma, sem apressar essa vontade de concretizar tais sentimentos.
Mas só tu saberás realmente em que estado estão as coisas... E o ritmo que deves empregar.

PS: Claro que acredito - e só assim aceito uma relação - a sinceridade deve estar lá sempre (sim, sei que pode ser uma contradição com a questão da temperança, mas não sendo um diálogo é mais complicado expor as ideias...)

CB disse...

13,
Já não acho que seja uma questão de tempo. Acho que é muito mais que isso. Quando não há espaço, ou não é tempo, para a sinceridade, não há para, nem é, outras coisas. E percebo bem o que dizes, mesmo sem ser um "diálogo". :)