Como pode ser cruel e, simultaneamente, doce apaziguar o entendimento perfeito de uma coisa assim, em palavras de um belo poema:
"Amar a nossa falta mesma de amar,
e na secura nossa amar a água implícita,
e o beijo tácito, e a sede infinita."
Carlos Drummond de Andrade
2 comentários:
Lindo poema, mas não consigo a amar a falta de amar. Dói demais.
Terráqueo,
Se lermos o poema como se falasse de alguém que não ama - sim: diria que não é possível amar essa secura. Mas experimente ler como se fosse sobre um casal que se ama à distância. Então, é possível amar a própria falta de amar (explícita, ou física), na secura de amar sem tocar amar, ainda assim, a tal "àgua implícita" no amor não físico, amar o "beijo tácito", que talvez se espelhe em palavras trocadas na distância, até a própria sede ("infinita", mas que durará até ao reencontro). Muda tudo, não é? :)
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