Estranha história de amor ou Bonito conto do vigário?

As opiniões dividem-se em mim, como entre aqueles que acompanham a história. Divido-me entre os que me exortam à coragem de lutar, porque "é uma história tão bonita", e os que me advertem para ter cuidado, porque "é uma história tão estranha". E não tenho como confirmar, nem um nem outro prisma.

Não sei como se balança o querer acreditar e ter de desconfiar. É uma luta entre a esperança, entre a vontade de que seja real, uma promessa pela qual vale a pena lutar, e o instinto de sobrevivência, a  ponderação da probabilidade de ser engano, de não ser real. Pergunto-me muitas vezes: é um sonho quase feito real, ou é um conto do vigário? Lanço-me nisto, persistindo na espera, dando o desconto à distância, justificando coisas que me incomodam com as vicissitudes de uma outra vida que corre a um ritmo alucinado que, na verdade, não testemunho? Ou retraio-me, protejo-me, face ao custo da ausência e das perguntas sem resposta que levam à construção de teorias combinantes de suposições e paralelismos, por vezes recambolescos, mas quase sempre de muito mau gosto? 

Seja como for, acho que a história vai morrer. Não sobrevive à dúvida e não tem espaço para confirmações; não sobrevive à distância e não tem tempo para aproximações; não sobrevive à mágoa e não tem cheiro nem braços com as desculpas. Se era uma história bonita, terá um final triste - tenho mesmo muita pena. Se era uma história estranha, terá um final feliz - salvei-me de mais uma desilusão. O pior é que, provavelmente, nunca vou saber. E estive disposta a arriscar somar mais uma desilusão para não perder a hipótese de confirmar real o sonho. Mas não posso mais, não posso continuar a ignorar a dúvida que se avolumou, sobretudo nos últimos dias. É estranha a história, sim, e não a escrevo sozinha.

Ainda aceitava que fosse uma estranha história de amor, mas parece-me agora que é um bonito conto do vigário.

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