Um dia que são muitos dias

Já foi há dois dias e não escrevi nada a assinalar o dia. Não o assinalei, também. Teve sessão de cinema para o miúdo mas, no fundo, o dia foi dele, não meu. Só ontem o assinalamos, com a festinha no colégio, que me custou o verniz das unhas pelo meio de colagens e pinturas. Mas valeu a pena. O melhor presente que me deu foi o orgulho com que me recebeu. Assim que me viu chegar, veio colar-se literalmente a mim e chamava os amigos dizendo, cheio de orgulho mesmo, "é a minha mãe!". Tive noção ontem, pela primeira vez, do olhar embevecido do meu filho por mim. Não será de grande modéstia - admito, mas o facto é que me soube muito bem, e também me encheu de orgulho. Verdade: eu olho assim para ele também. Talvez ele me ache tão boa mãe quanto eu o acho um bom filho. Talvez ele me faça tão boa mãe quanto eu o faço um bom filho. Talvez, simplesmente, possamos apenas ser mãe e filho a fazer juntos um mesmo percurso. 

Pelo contrário, na qualidade de filha, fui pouco generosa. Não é bonito? Não será. Mas nem um telefonema fiz. E sei que não lhe devolvo o olhar embevecido e orgulhoso que recebo do meu filho. Mas sei tão bem o porquê. Não se pode ser filha de quem não é mãe, nem devolver carinho e orgulho a quem não no-los tem.

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