A Ervilha da Princesa



Há sempre qualquer coisa que incomoda, é verdade, e às vezes é bom, porque o que seria de mim (e arrisco dizer: de todos nós), se não houvesse sempre um pouco de insatisfação, um difícil qualquer porque lutar, um perfeito qualquer para almejar e nos fazer melhorar, um inatingível qualquer por desejar? Só quero escolher a insatisfação que admito, quero escolher as minhas lutas pelos difíceis que elejo, quero escolher o que almejar e desejar.

Porque, às vezes, esses incómodos não funcionam no positivo, tipo "carrot on a stick" que me faz avançar; às vezes, são empecilhos ao avanço, pequenas angústias latentes, com o peso do desconforto de noites mal dormidas. São ervilhas debaixo dos colchões, porque sim - eu sou Princesa, delicada, e tenho mais do que uma ervilha a pertubar-me o sono - e o passo.

Apenas resolvi livrar-me de uma ervilha. É a que mais mal me tem causado e não tenho espaço para ela. Não te parece simples e lógico? Julgas isto algo assim tão inusitado? Olha que não - é muito comum. Só nem sempre assim tão claramente promulgado. Mas é como te digo: eu nunca me importo de admitir que errei. As aprendizagens com o erro foram sempre as lições mais significativas da minha vida. Portanto, se um dia tiver de te dizer que sim, que antes esta ervilha e o sono perdido à falta do que ela representa, pois seja. Também provavelmente, se isso acontecer, ter-me-ei livrado de outras ervilhas e andarei a dormir muito mais tranquila. E o incómodo da ervilha estará lá por escolha própria. Sim, sim, as minhas reais desculpas - mas para mim faz toda a diferença.

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