Ondas curtas

Há um monte de tralha que me enche o espaço, me confunde, me baralha. São peças soltas de vida vivida em alta velocidade e baixa densidade. Largadas por ali, sem ordem, sem lógica, sem sequência ou consequência. Pergunto-me até se com alguma utilidade. Debaixo da confusão estou eu, ou o que resta de mim. Parece que me evaporei numa leveza que me era estranha, e esvoacei por aí pegando e largando as coisas, mas acumulando os restos até chegar a esta desordem.

Tenho de fazer de novo o caminho. Limpar a casa, arejar, redescobrir a serenidade de ser apenas eu própria, na raíz, de volta à base. Sinto-me um pouco perdida, ou talvez diluída, por esse tanto de vida que quase me tragou. Preciso de me condensar de novo, destilando-me, na busca dessa essência que lá esteve sempre mas foi volátil, e depois quase se afogou. Agora sinto que é altura de ligar à terra e re-sintonizar, ouvir atenta a letra da minha canção. Sei que há música no ar. Estou em afinação.

2 comentários:

Bípede Falante disse...

Sinto-me um tanto quanto parecida.

CB disse...

Fazer o quê? A vida enche-nos de tralha mesmo.