Este Blog Está Morto

Este post é só para evitar queixas de alguém que aterre aqui ao engano. É mesmo o fim. A girl's gotta do what a girl's gotta do. Adeus Princesa.


Apontamento

A vida é também feita de partidas, nossas e dos outros, cada vez mais. Há que aprender a viver com isso e tento sempre lembrar-me de que, para cada partida, tem de haver uma chegada, tal como, para alguns eleitos, cada separação apenas antecede um reencontro.

Post de Uma Morte Anunciada

Raramente, na vida, mudamos profundamente de um momento para o outro. O dar-nos conta que algo mudou em nós tende, realmente, a ser repentino e súbito, mas a mudança em si opera-se ao longo do tempo. Em geral, vamos evoluindo - de preferência para melhor, na realidade nem sempre -, numa progressão algo lenta, de forma até que, por vezes, nem nos apercebemos disso, a não ser num momento crítico qualquer em que fazemos, dizemos ou pensamos algo inusitado, ou quando alguém nos aponta a prova da mudaça. 

Este blog, onde tenho vindo a destilar o que passa por dentro de mim e da minha vida, revela bem tudo aquilo em que fui mudando ao longo do tempo, para lá dos acontecimentos que relatou ou que motivaram a escrita de certos posts. Essa mudança foi acontecendo e foi transparecendo, fez-se também de um tempo em que não escrevi aqui, revelou-se na forma como aqui voltei, depois de ter achado que este espaço tinha chegado ao fim. Mas agora é diferente: agora a minha mudança é radical e súbita, conscientemente imposta e regulada por uma nova forma de viver que arranca oficialmente em breve.

Não sei se a minha decisão de embarcar neste futuro acontece por causa de mudanças que se operaram em mim, que me permitiram ou incentivaram a fazer esta opção. Provavelmente sim, mas não é relevante saber. Certo é que a opção obriga-me a impor mudanças em mim, por força das que aceitei fazer na minha vida. Da mistura das duas coisas resulta que deixo de dar voz à Princesa, agora de facto Desencantada sem parêntesis. Agora tenho mais em que pensar e o que fazer do que preocupar-me em entender e/ou explicar a Princesa, muito menos resolver-lhe o desencanto. Temos pena - a vida não é mesmo uma história de encantar e estou a reconciliar-me com o facto de que há coisas em mim que serão sempre desajustadas, há coisas que nunca irei consertar, há uma história que me moldou e que não posso mudar; mas posso fazer a Princesa meter a viola no saco e deixar-me viver a vida sem a tristeza do desencanto, sem a ilusão do final perfeito. Sem expectativas que não sejam o simples facto de que todos os dias metemos mais uma moeda num carrossel desgovernado e não sabemos onde iremos acabar. O importante é continuar a rodar, sabendo bem que o que interessa agora é ir fazer aquilo que tenho de fazer, coisa prática, tangível e mecânica a que se chama sobreviver - e garantir um melhor futuro onde o meu filho possa crescer. 

Vão nascer dois novos blogs: um para o L, para que me possa acompanhar nas ausências, bastante gráfico, com imagens de sítios e coisas, poucas linhas seguramente (que agora alguém lhe lerá); e um outro para mim, porque não posso deixar de escrever, onde crescerão as linhas em paralelo com o primeiro, traduzindo as tais imagens em linguagem de adulto, onde de certeza irei também despejar uns desabafos. Não faço ideia de quando, não tenho ainda nomes nem ideias muito definidas, nem muito tempo disponível agora. Só sei que este blog morre definitivamente no dia 31 de Julho de 2011 e com ele enterro a Princesa, numa história que, de tão real, não teve um final feliz.


Note to self

Para as minhas releituras deste espaço no futuro, na reconstrução diarista do que foi (que gosto de fazer de vez em quando): escrever o post anterior foi das coisas mais difíceis que fiz até hoje. 


Mas também, hoje, ainda não parti pela primeira vez.

Filho,

Vou-te faltar - para nos bastar. Vou partir muitas vezes, mas volto, volto sempre, de cada vez, e um dia volto capaz de não te faltar mais, volto com o meu dever cumprido, para que não te falte tudo o resto e a mim não me falte a convicção de que fiz por ti o meu melhor - e assim fiz, também, o melhor para mim.

Sobra, sobrará sempre, uma pedrinha na alma, a culpa que irei carregar em cada ausência - e, provavelmente, até ao dia em que tu, feito filho já homem, tenhas a capacidade e a generosidade de me mostrar que não guardas de mim ressentimentos. A vida é toda ela feita de escolhas mas, mais importante que perceber que não podemos escolher tudo, é fundamental perceber que, por vezes, as escolhas no imediato podem não parece o melhor, mas são caminho necessário para o destino onde queremos chegar. Por vezes, a escolha aparente de uma coisa é, na verdade, a escolha, a aposta, noutra completamente diferente. E também há que aprender que, por mais que pesemos as escolhas, por vezes escolhemos errado. Tenho uma imensa fé em que não será esse o caso.

Espero que um dia compreendas que eu tinha de agarrar isto, por todos os motivos e mais alguns: por ti e pelo teu futuro; por mim e pelo meu futuro; por nós, num melhor futuro. E depois, acompanho-te mesmo nas ausências, seja de que forma for e, nos tempos de presença, havemos de cimentar as pontes que unem os nossos tempos, havemos de forjar abraços que se estendam à largura do mundo que vou percorrer e ao comprimento do tempo que vou estar ausente - para depois, elásticos, os mesmos abraços nos acolherem aos dois em cada regresso.

Gostava muito que soubesses que te levo sempre comigo; que és e continuarás a ser a minha primeira âncora, a raíz da minha sanidade, a minha força maior, a minha coragem quase toda. Não sei como explicar tudo isto à medida dos teus cinco anos. Sei que, nessa medida, o que te interessa é o imediato do abraço, do sorriso, da voz, da companhia de que sentirás falta por vezes. Mas fazem-te falta também outras coisas - que eu vou buscar. Vou, também, com esperança e coragem, buscar-te uma mãe mais feliz, mesmo que por via de outras coisas que não o amor, que esse não encontrei a não ser naquilo que me ensinas - e de que quero ser sempre digna.

Da que que te ama sempre de coração cheio, sempre tua,

Mãe

(Ao L, a primeira de muitas cartas que quero escrever-lhe nos próximos tempos, para ele ler daqui a muitos anos, quando seja capaz de entender estas linhas, agora impróprias para a idade)

Outras margens

Num tempo de redes, onde vivemos e que criamos, num mundo onde a nossa capacidade de "networking" se tornou parte fundamental na definição do ser social que somos, por sua vez reflectido no nível de prosperidade a que podemos almejar, por exemplo, a nível profissional,  acho que nunca antes vivemos tão sozinhos, nem nunca antes foram tão frágeis os relacionamentos humanos em geral. 

Todos gozam com os ratios entre o número de amigos no Facebook e o de amigos reais; mas pergunto-me quem saberá ainda definir, realmente, quem tem nas suas redes e que não é, de facto, amigo. E quem sabe, mesmo, definir o que é amigo? Onde estão as definições, os títulos, que damos a todos os que enredamos na nossa vida, que aceitamos nas nossas redes e de cujas redes aceitamos fazer parte? Haverá alguns com clara definição, mas a maioria navega numa espécie de limbo. Interagimos, de diversas formas, com diferentes graus e tipos de proximidade, com pessoas que por vezes não nos dizem nada, outras vezes realmente não conhecemos, e nem sempre é fácil de definir os contornos de cada um destes relacionamentos. Mas, quando se define o conceito de amigo e se aplica o mesmo, com rigor, às centenas de pessoas com quem nos enredamos, sobram sempre poucos, acho que demasiado poucos. E creio que a maioria se angustiaria ao reconhecer que, de toda a rede, apenas esses tão poucos realmente nos seguram. É mais confortante, talvez, pensar que a rede é imensa.

Sempre vi um laço pessoal como uma ponte. E lembro-me sempre do meu avô a esse respeito, das nossas discussões sobre individualismo. Não podemos existir sem pontes. Temos de as lançar, de as construír, de as manter, para as podermos atravessar e deixar chegar os outros. Mas hoje, parece que isso faz-se, quase sempre, com um intuito utilitarista, no propósito de afirmar uma qualquer competência, e preservam-se as ligações, mesmo que não nos digam nada, apenas porque podemos vir a precisar delas. Mistura-se o pessoal com o profissional, o afecto com a utilidade, o real com o virtual. O que me parece hoje é que, cada vez mais, se tende a confundir as pontes que se podem atravessar com segurança e as que são apenas setas de diagramas que mapeiam a rede em que nos movemos. Depois acontecem as tentativas de travessia desastrosas - muitas pontes são miragens. E talvez por isso seja mais difícil queimar pontes, seja difícil reconhecer as que não levam nem trazem ninguém, ou até, por vezes, as que deixam passar mais mal que bem. De certa forma, isso tornaria evidente a fragilidade e a solidão da rede, que se pensa feita de tantos outros.


A Ervilha da Princesa



Há sempre qualquer coisa que incomoda, é verdade, e às vezes é bom, porque o que seria de mim (e arrisco dizer: de todos nós), se não houvesse sempre um pouco de insatisfação, um difícil qualquer porque lutar, um perfeito qualquer para almejar e nos fazer melhorar, um inatingível qualquer por desejar? Só quero escolher a insatisfação que admito, quero escolher as minhas lutas pelos difíceis que elejo, quero escolher o que almejar e desejar.

Porque, às vezes, esses incómodos não funcionam no positivo, tipo "carrot on a stick" que me faz avançar; às vezes, são empecilhos ao avanço, pequenas angústias latentes, com o peso do desconforto de noites mal dormidas. São ervilhas debaixo dos colchões, porque sim - eu sou Princesa, delicada, e tenho mais do que uma ervilha a pertubar-me o sono - e o passo.

Apenas resolvi livrar-me de uma ervilha. É a que mais mal me tem causado e não tenho espaço para ela. Não te parece simples e lógico? Julgas isto algo assim tão inusitado? Olha que não - é muito comum. Só nem sempre assim tão claramente promulgado. Mas é como te digo: eu nunca me importo de admitir que errei. As aprendizagens com o erro foram sempre as lições mais significativas da minha vida. Portanto, se um dia tiver de te dizer que sim, que antes esta ervilha e o sono perdido à falta do que ela representa, pois seja. Também provavelmente, se isso acontecer, ter-me-ei livrado de outras ervilhas e andarei a dormir muito mais tranquila. E o incómodo da ervilha estará lá por escolha própria. Sim, sim, as minhas reais desculpas - mas para mim faz toda a diferença.

Depois da chuva


Nos ciclos de baixos é como se fosse uma chuva forte que nos impede o passo, que nos obriga a uma espera incerta e dorida. Mas depois, depois da chuva, que nunca chove para sempre, sai-se finalmente lá para fora, com o fim da torrente. E a chuva limpou o ar e a espera molhou a terra; e a terra molhada cheira a vida que desponta da semente. E uma semente é uma esperança - rebento, planta, árvore - e uma árvore é um futuro. E um futuro é vida, para viver simplesmente. No tempo dela, a vida, que corre como cresce a árvore: lenta, mas inexoravelmente.

Happy New Year (sim, sei que é Julho lá fora)

Hoje acabou mais um ciclo. Na sucessão de altos e baixos da vida, este foi um ciclo bem por baixo. Foi um longo e penoso caminho de tentativa e erro, sempre erro, por vezes sem vislumbrar que propósio serviria tanta lição aprendida a duras penas. Com uns picos em cada nova tentativa cheia de esperança, a achar que finalmente vencia, mas uma coisa breve, transitória, rapidamente transformando-se em queda abrupta. Em quase todas as áreas da minha vida. No entanto, não estou infeliz. Estou mais fria, mais céptica, quase cínica, mas mais esclarecida - o que é bom, enriquecida por essas lições que começo a ver terem utilidade - finalmente, muito mais preparada para viver melhor o alto que agora se advinha, tendo abandonado a procura das coisas de cuja falta fiz angústia, que erradamente pensei que me definiriam e que acreditei que encerravam a felicidade.

Do que vivi neste ciclo tão negativo, espantosamente, sobram coisas boas. Sei onde estão as minhas lealdades, onde estão os que me são leais. Sei o que é realmente importante para mim, seja ou não aquilo que "devia" ser. Sei com o que não posso viver e sei do que preciso para sobreviver. Sei que erros não repetirei na alta, para suavizar a próxima baixa. Hoje, encerra-se um ciclo em que tudo o que procurei e tentei falhou, mas também um ciclo onde elegi as prioridades erradas. A partir de agora, as prioridades são outras e farei da oportunidade que tenho nas mãos a base do meu futuro, com independência e dignidade. Vou investir num futuro mais tranquilo e para isso renuncio a 2 anos da minha vida pessoal. Na verdade, pesando bem as coisas, renuncio a muito pouco. Só há uma área dessa esfera que me preocupa e que pesou na decisão, bem como na flexibilização que foi necessária: o meu filho. Tudo o resto é uma paisagem mutante. Hoje está, amanhã partiu, murchou ou morreu. Aquilo que ficará sempre enquanto tiver vida sou eu própria e o único amor inquestionável que me move é o meu filho. É por mim e por ele que vivo e é nesse propósito que tenho de encontrar a minha forma de ser feliz, nem sempre no imediato, mas sempre com os olhos postos lá à frente - pelos dois. Por isso, mesmo ciente da dureza do caminho dos próximos 2 anos, sinto-me já na linha ascendente da curva e hoje sabe-me a dia de Ano Novo. Faltou só o champanhe.

Condenada

Não é de espantar o grau de cepticismo a que é possível chegar, pois há todo um caminho na progressão de cada grau. Sou céptica, há muito tempo, sobre as virtudes da raça humana e, por consequência, sobre o amor. Sou desconfiada e rapidamente desenho as possibilidades mais negras - tiro da minha base de dados pessoal exemplos da minha experiência, e das de outros que acompanhei, e aplico-os como o padrão provável ao contorno de cada outro que atravessa o meu caminho, de cada história que me enrola.

A evolução é a vontade de errar. Até certo momento, mesmo desenhando a probabilidade mais certa como um repetido desaire, na dúvida ía saber. Queria tirar tudo a limpo - não para confirmar um cenário negro, mas na esperança de estar errada, querendo mesmo estar errada, por acreditar na possibilidade da excepção à regra, porque apesar do cepticismo ainda tinha esperança de que o exemplo para trás fosse apena má sorte. Mas acumulam-se as confirmações pela negativa, os padrões tomam contornos cada vez mais nítidos, as probabilidades aproximam-se cada vez mais do absoluto, diminuindo sucessivamente a margem de erro. E assim, a partir de certo ponto, com as negras probabilidades tornadas inevitabilidades, as dúvidas tornam-se certezas. E já não se dá sequer um passo para tentar esclarecimentos - já não são precisos. Assumimos que não há erro, autoproclamamo-nos realistas, recusamos a excepção à regra, largamos a esperança. O desenho de cada outro vai construindo uma raça de gente incapaz de amar e indigna do nosso amor; portanto, o amor como o quisemos encontrar e viver, não tem espaço de existir.

Em que momento exacto passamos de cépticos a cínicos (filosoficamente falando) é difícil de precisar. Mas é uma progressão inevitável. Nada podemos contra o caminho que fomos fazendo, os mortos que por ele enterramos e as vezes em que nele morremos. Um dia tem-se a certeza, simplesmente, de que não vale a pena acreditar, lutar ou esperar, por isso nada resta se não eliminar a necessidade de algo que sabemos não poder encontrar. Quem é que pode condenar um condenado?

This is Not Goodbye

Fui ontem ao jantar de despedida de uma amiga muito querida, uma pessoa maravilhosa e que tem estado de pedra e cal, daquelas poucas que sobreviveu ao tsunami que me invadiu a praia há uns bons tempos atrás, e que parte agora para abraçar um aliciante novo projecto profissional noutro país. Desejo-lhe toda a sorte do mundo, de coração, mas vai-me fazer uma falta terrível. Vejo-a no Facebook, a anunciar o dia da mudança, e quero dizer-lhe que torço por ela, mas não carrego no "Like", nem consigo deixar um comentário só de apoio, porque estou também triste por perdê-la aqui da vista e não quero assombrar-lhe o mural neste dia. É que, por mais que tenhamos FB, skype e messenger e o diabo a quatro, tenho mesmo medo de perder esta amizade que acarinho tanto. Vai para longe - é longe. Todos os que (se) importam sempre vão - karma dos infernos. Podia dizer que me fica no coração - que fica -, como sempre fica qualquer coisa daqueles que nos crescem por dentro. Mas vai dar flores longe de mim, já não as  terei tão vívidas no meu jardim. Tenho o desafio de cultivar o que fica, o melhor que puder e souber, sem me deixar desanimar pela distância e pela saudade, com que tanto me custa lidar. Mas eu gosto dela: muito. E isso, no fim de contas, é o que interessa. Esta é uma das pessoas a quem não direi adeus; apenas um até já, até logo, até sempre. E não posso deixar de sorrir com a ironia da coisa, o outro lado de uma mesma lição, que ando eu própria a aprender e ensinar, nestes conturbados tempos de mudança que também me arrastam para outras andanças, ausências e distâncias. 


(Fingers crossed for you, guapa. But I sure as hell miss you already...)

Estranha história de amor ou Bonito conto do vigário?

As opiniões dividem-se em mim, como entre aqueles que acompanham a história. Divido-me entre os que me exortam à coragem de lutar, porque "é uma história tão bonita", e os que me advertem para ter cuidado, porque "é uma história tão estranha". E não tenho como confirmar, nem um nem outro prisma.

Não sei como se balança o querer acreditar e ter de desconfiar. É uma luta entre a esperança, entre a vontade de que seja real, uma promessa pela qual vale a pena lutar, e o instinto de sobrevivência, a  ponderação da probabilidade de ser engano, de não ser real. Pergunto-me muitas vezes: é um sonho quase feito real, ou é um conto do vigário? Lanço-me nisto, persistindo na espera, dando o desconto à distância, justificando coisas que me incomodam com as vicissitudes de uma outra vida que corre a um ritmo alucinado que, na verdade, não testemunho? Ou retraio-me, protejo-me, face ao custo da ausência e das perguntas sem resposta que levam à construção de teorias combinantes de suposições e paralelismos, por vezes recambolescos, mas quase sempre de muito mau gosto? 

Seja como for, acho que a história vai morrer. Não sobrevive à dúvida e não tem espaço para confirmações; não sobrevive à distância e não tem tempo para aproximações; não sobrevive à mágoa e não tem cheiro nem braços com as desculpas. Se era uma história bonita, terá um final triste - tenho mesmo muita pena. Se era uma história estranha, terá um final feliz - salvei-me de mais uma desilusão. O pior é que, provavelmente, nunca vou saber. E estive disposta a arriscar somar mais uma desilusão para não perder a hipótese de confirmar real o sonho. Mas não posso mais, não posso continuar a ignorar a dúvida que se avolumou, sobretudo nos últimos dias. É estranha a história, sim, e não a escrevo sozinha.

Ainda aceitava que fosse uma estranha história de amor, mas parece-me agora que é um bonito conto do vigário.

Mais fere a palavra do que a espada

Sim, ela tem razão: o que interesa o que os outros pensam, se estamos bem com a nossa consciência? Tantas vezes avancei assim na vida, na serenidade da minha consciência, ainda que incompreendida, ainda que insultada ou renegada por via dessa incompreensão. Diz que não posso deixar-me afectar, que não posso sofrer com isso. Easier said than done. O que ela não vê é que não há como ignorar a dor da ofensa, ainda para mais se totalmente injusta, quando vinda de certas pessoas. Com umas, é fácil encolher os ombros e ignorar. Dessas, realmente as ofensas não nos atingem. Mas outras não. Com outras, não há como não me exaltar, como não indignar, como não deixar de defender a minha própria honra. Não há como evitar ter de deixar tudo claro, sob pena do meu silêncio ser apresentado como reconhecimento, como a desistência do "quem cala consente", por alguém que não hesitará em fazer uso disso da pior forma possível. Se me acusam com argumentos falsos e me condenam injustamente, não posso deixar de me indignar. Eu acuso-me por vezes, por coisas em que sei que falho. Mas também em consciência sei que faço o melhor que posso e sei que não me posso arrogar a superioridade da infalibilidade. Não posso aceitar que me acusem de forma injusta e vil, numa coisa muito fundamental, e por alguém muito próximo. Aí não posso calar-me. Afecta-me sim, atinge-me, desgosta-me. Porque além da minha dignidade e do meu orgulho, eu sou uma pessoa que sente. Sinto muito.

A Mágoa não se chora

É como uma ferida, sabes? Choras a dor, gritas se for o caso, mas ela está lá até que a trates. As feridas, como as mágoas, precisam de ser desinfectadas, soturadas às vezes, cobertas de gaze e adesivos. Precisam de curativos, até que cicatrizem. E depois, quase sempre, passe muito ou pouco tempo, fecham deixando uma marca que te recordará sempre a dor que, essa sim, essa choraste e podes continuar a chorar; e em algumas sabes que não podes tocar porque, por baixo, ainda dói. A mágoa fica-nos por dentro da pele, por dentro do peito, verte-nos lágrimas da dor que causa, mas não se extirpa com elas. 

Resumo

Corre-corre, não me chega o tempo. A semana ainda nem vai a meio, mas que já promete - oh se promete. Pelo menos acabará em grande estilo... Só nestes dois dias, mais uma entrevista, agora apelidada já de "conversa", mais telefonemas, proposta detalhada prometida até final da semana - God bless. E, entretanto, conversas com estes e aqueles, a afinar as estratégias que me permitirão aceitar a proposta, desde que corresponda às expectativas, porque, concretizando-se - e não parece que vá falhar -, tem de estar tudo a postos. Remata hoje com jantar de família. Ontem, o fim dos trabalhos manuais para compôr um poster a pedido da educadora para a festa do colégio - e chego à conclusão que cartolinas, recortes e colagens ficam muito bem até ao fim da primária, mas já não é coisa para gente graúda, sobretudo se tem verniz nas unhas e/ou algum brio naquilo que produz. E depois o dia de festa no colégio, com o miúdo todo orgulhoso do diploma que recebeu (acabou o Jardim de Infância), das músicas que cantou em coro com os outros, da apresentação do karaté - e dele próprio em geral. Foi bom. Cansativo, um calor que não lembra, sobe e desce durante horas - mas foi bom. Antes ainda, uma passagem de urgência por casa da irmã caçula, para acudir a uma queimadura, o que me devolveu a casa já depois da meia noite, com séculos de voltas para estacionar, e a verdadeira moca de sono, como já não tinha há muito. Depois, uma surpresa desagradável que antecipa um penoso dia passado numa das nossas maravilhosas instituições públicas, para (graciosamente) reclamar da sua incompetência e, identificando e provando o erro, esperar que seja rapidamente resolvido. E, ainda, uma outra surpresa, mas não propriamente má, ou não completamente má (não há prognóstico antes do jogo), que me levará a uma festa na 6ª feira com um estranho epíteto na lapela (ou será na testa?): vou como "the most interesting single friend" de uma das convidadas, condição inegociável para que ela própria possa ir. É. Um pouco weird, eu sei. Mas não fica por aqui, pois o dress code é... "Disco". Pensando bem, e tentando imaginar o que raio vestir, acabo por perceber - a festa seria um fracasso se não garantissem pessoas mesmo interessantes (e tento focar-me neste epíteto para digerir a escolha a nível pessoal), porque, let's face it: who the hell survives the disco look??



On my marks

Primeiro, foi tempo de reflectir sobre a decisão, sobre as escolhas. Equacionar cenários vários e, o mais serenamente que consegui, chegar a uma conclusão. Agora, com calma, passo a passo,  vou preparando as bases para o que penso, já, inevitável. Tive a prova de que o assunto está praticamente fechado. A próxima semana é de decisões finais e acerto de pormenores. Uma coisa de cada vez, vou dando passos que fazem sentido no enquadramento da nova vida que aceitei arriscar viver. Por isso, por mais cansativos ou penosos que sejam, vou-os dando com redescoberta serenidade. A cadência intensificou-se esta semana e até coisas que não dependem de mim acontecem, como coincidências engraçadas que me facilitam a vida, ou sinais do cosmos de que, desta vez, me acompanha na viagem a sorte. Certo é que me acompanha a esperança e essa, como se sabe, tinge de boas cores o coração mais esmorecido e desperta a veia do positivismo. Mais um pouco e sonho de novo. Querem ver?...

Hoje, levei o meu filho ao jardim depois do colégio. "Qual é o programa, mãe?". Foi um gelado para assegurar uns minutos de sossego e para podermos conversar - depois soltura para brincar no parque infantil. Pensei muito em como o abordar, como lhe traduzir o essencial do que aí vem, deixando de fora angústias desnecessárias mas, ao mesmo tempo, fazendo-o entender que não vai ser sempre fácil, mas terá outras compensações. Pedi-lhe ajuda e alinhamos estratégias. Ele reagiu muito bem e larguei mais uns quilos dos ombros. Mas claro que só tomará verdadeiramente consciência do que aí vem quando o viver e eu ficarei até lá na dúvida sobre se consegui ou não passar a mensagem. Espero que as bases que hoje assentei nos permitam ultrapassar este desafio.

Começo agora a pensar que ainda não soou a partida e eu já estou na corrida: já tenho os olhos na meta e toda a minha força recolhida, contraída, concentrada, pronta a explodir e impulsionar-me, largando-me como uma seta. Certeira, espero.

Cicuta minha

Gostava de te poder dizer e explicar tudo o que me vai dentro e faz ser como sou, sem ter de te contar detalhes de toda a minha história. É assim, aos poucos, através de pequenas coisas do dia-a-dia, que se descobre a verdadeira soma de tudo do outro, sem necessariamente nomear parcelas. Não é com as grandes revelações, os segredos concretos, com as sinopses analíticas do percurso de vida. Aliás, gostava de poder deixar para trás essa vida, esse percurso, sem hipótese de envenenar o futuro. Infelizmente, o seu veneno circula-me já nas veias e dorme comigo no escuro. Sei que te devo a verdade toda que é de mim, por isso te estendo o cálice em que me provas aos poucos com um aviso: sobrevivemos se és sincero, porque a minha verdade é veneno, mas um verdadeiro amor é antídoto.

(E entende: tanto é amor provar do cálice do outro sem medo, como estender o nosso.)

Vou por aí a procurar

Mais um passo. Ou uns passos. Coisas que renovam a esperança ou, se calhar, que a fortalecem, porque a esperança está cá, tem estado, pese embora uns dias de dúvidas e a antecipação de algumas angústias. Esta é agora a minha batalha, curiosamente em várias frentes: projectar menos, pensar menos para a frente, tentar não sofrer por antecipação com o que pode nunca chegar a ser dor.   

Numa série de coisas tenho chegado a uma conclusão similar: muitos passamos metade da vida a aprender a fazer e a pensar as coisas com prudência e lógica, para passar a outra metade a desaprender as mecânicas artificiais que fomos impondo às nossas vidas - e a nós próprios. É que chega a um ponto em que simplesmente não vivemos. E se bem que é necessário manter um certo bom senso, estou a tentar dispensar o espartilho do "tem de ser". Pouca coisa não tem remédio, e o que não tem, como diz o povo, remediado está. Mas não aceito nada como sentença final sem eu própria poder testar e julgar.

Sei que trilho caminhos algo perigosos mas agora também sei que não quero deixar nenhum por calcorrear. Vou até onde me puder levar. Ou até onde a esperança me aguentar. Mas vou viver, vou procurar. Essa foi sempre a minha essência.

Hoje lembrei-me desta música, acho que até já publiquei há muito tempo. Mas hoje, é esta música, que é em si lindíssima, que fica como meu espelho nas notas positivas - da esperança, da vontade de viver, de ser livre para viver.


"(...) Quero assistir ao sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer, quero viver..."

Paz cruel

Como pode ser cruel e, simultaneamente, doce apaziguar o entendimento perfeito de uma coisa assim, em palavras de um belo poema:

"Amar a nossa falta mesma de amar,
e na secura nossa amar a água implícita,
e o beijo tácito, e a sede infinita."


Carlos Drummond de Andrade

Sentido

Anos de mergulho profundo em mim, de reflexão, de minucioso dissecar de acontecimentos e razões, de cuidadosa sistematização de mapas interiores, com quase científicas iterações relacionando todas as vertentes de mim e todos os acontecimentos da minha vida, sólidas relações de causa-efeito articuladas, ainda que a posteriori, para emergir com uma conclusão patética: conhecer os meus defeitos, os meus limites, os meus traumas e lastros, os meus Adamastores e fantasmas, não muda nada naquilo que sou; apenas justifica, com suposta lógica, os bons ou maus passos que dou. Sei porque fiz isto e aquilo, sei porque não fiz aqueloutro; sei porque guardei palavras e porque disse outras que não sentia; sei porque tenho medo; sei porque me fecho e guardo; sei porque me sinto assim ou assado; sei até porque comprei ou vesti certa coisa em certo dia; sei porque ando a equacionar cortar o cabelo a dois centímetros da raíz; sei porque ando incansavelmente a limpar os cantos mais recônditos da casa, rogando pragas à empregada incompetente que vou despedir no fim do mês. Sei tudo isso e tanto mais, a lógica à prova de bala, as razões perfeitamente aceitáveis, justificações, desculpas. Mas desculpas porquê? Se sei, se faz sentido, se é aparentemente inevitável que seja como sou, que faça o que faço, que pare onde paro, que cale, que diga demais, que fuja, que limpe, que estoure o orçamento em trapos demasiado trendy de que não preciso, para que é então a culpa? Talvez - só talvez - seja porque, ainda assim, todas as manhãs acordo a acreditar que tudo pode ser diferente e que toda eu me posso reescrever com nova lógica, numa nova ordem onde, sem razões nem articulados, eu própria e a minha vida façamos, inquestionavelmente, sentido. Mas, na verdade, o que me falta é aceitar ser e viver sem lógica, sem lei nem ordem, sem que nada tenha de fazer sentido. E, no fundo, não me é nada fácil aceitar que a falta de sentido não tem de ser um vazio, que não tenho de entender todos os porquês e que a felicidade não precisa de justificações. Nem, muito menos, de desculpas.

Volátil

Até onde me chegam as palavras é real. Daí para dentro é um insubstantivo; são sólidas sombras, líquidos sentimentos, vapososas construções; um volátil estado de alma. Que se evapora sempre antes de poder plasmar-se em palavras.

Fresh Start

No espaço de uma hora, a minha vida ficou a um passo de se transfigurar profundamente. Nunca tive medo de recomeçar; considero que cada hipótese de recomeço é um privilégio - e deverá sê-lo até ao fim da vida. Nunca me impedi de largar um caminho que não me fazia feliz, mesmo sem saber que caminho faria a seguir e mesmo tendo de lutar arduamente para me voltar a orientar. Mas agora, agora confesso: esta possibilidade que se desenha não é um recomeço, é um novo começo e isso assusta-me. Vem mexer com coisas muito fundamentais em mim e na minha vida, ao mesmo tempo que me traz a esperança de um  futuro melhor - mas com um desafio tremendo envolvido, que não sei se consigo ultrapassar. E dentro de umas semanas terei que saber se é este o caminho que quero seguir, terei de saber se tenho a coragem de começar verdadeiramente do zero, terei de saber como não perder aquilo que não quero largar, e como largar aquilo a que tenho de renunciar. Terei de saber se estou disposta, realmente, a dar-me uma hipótese de renascer e que preço estou disposta a pagar.

Escape

Tenho palavras a navegar ao sabor de uma corrente que não corre para lado nenhum. Palavras que não se conjugam, não se concentram, e andam simplesmente à deriva, dispersas ou suspensas numa espuma sem consistência. Geralmente, escrevo-me para me me entender. Para me reflectir num espelho para onde possa olhar e onde me possa ver. Com contornos que assim reconheço meus, limites visíveis do que me sei, minhas cores e sombras que vejo pelo que projectei. Mas falta-me agora a arte de filtrar esta espuma, falta-me a coragem de juntar os fragmentos, falta-me o espaço para montar o puzzle do que realmente se reflectiria no espelho - e que agora não quero olhar. São muitas as construções a que estes fragmentos pertencem, demasiadas frentes de mim abertas ao mesmo tempo. Deixo-os flutuar, mais um bocadinho, enquanto me recolho na recusa, na segurança do silêncio.

(Há dias em que a vida seria muito mais fácil com uma opção de "press Escape to return to the main screen".)

De ti mesmo

Não te chamo para te conhecer
Eu quero abrir os braços e sentir-te
Como a vela de um barco sente o vento


Não te chamo para te conhecer
Conheço tudo à força de não ser


Peço-te que venhas e me dês
Um pouco de ti mesmo onde eu habite



Sophia de Mello Breyner Andresen


Verdade

Um dia, vou ter de te dizer que o que mais me custa é a mentira ou uma promessa quebrada. Vou ter de te revelar que abomino a primeira e já esgotei a cola para a segunda. Vou ter de arranjar forma de te dizer que prefiro sempre a limpidez da crua verdade, porque não gosto de ilusões, não gosto de enganos, nem de piedade. Gosto de saber com o que conto, gosto de pensar que possúo os elementos para me poder guiar com segurança. Também vou ter de te dizer, de alguma maneira, que prefiro a surpresa de um inesperado à falha do projectado. Vou ter de te explicar que uma mentira me ofende a essência. Insulta-me a inteligência, diminui-me e faz pouco da minha capacidade de resistência. Porque não te iludas tu: eu procuro sempre a verdade, tenho um faro apurado e resisto sempre, por maior que seja o abalo. Vou ter de te explicar, também, que uma promessa é um desenho de futuro que levo a sério e falhá-la é obrigares-me a pôr um pé em falso. E prometo-te: se me fizeres cair, eu levanto-me, mas não contigo. Por isso, não te acobardes nunca com nenhuma das tuas verdades e não me prometas, nunca, o que não irás cumprir. Não perdoo e imponho castigo. Aceito apenas desculpas do que seja inesperado e inevitável, desde que a promessa seja feita com sinceridade, ou - lá está - se não me faltares à verdade. Mas tem em conta, por favor, que eu sou literal com as palavras que uso e oiço e, na minha bitola, tanto vale uma mentirinha piedosa como a falta de prometido amor.

Milimétrica

Esta coisa das fronteiras e limites pessoais é difícil de entender. Lembro-me de como percebi, num repente, há muitos anos atrás, que tinha deixado ultrapassar todos os limites do razoável e quase todos os limites da dignidade. Percebi, depois, que foi acontecendo, numa progressão subreptícia, quase imperceptível a cada milímetro que avançava a linha. Achei espantoso ser possível afastar-me tanto dos limites em que me pensei, sem sequer me aperceber disso, senão num momento de desespero que me trouxe lucidez à visão da geografia que permitira que me definisse. Agora, num novo mapa de mim, vejo que as linhas fronteiriças recuaram bem para trás do que seriam os seus originais limites e apercebo-me, com alguma tristeza, que um milímetro mais me custa uma guerra, porque um milímetro mais é um milímetro menos dos limites a que já cheguei e não quero vislumbrar de novo. A distância é muito maior, mas agora sei o que se esconde por detrás de cada bocadinho que se estende no mapa, sei que cada milésimo torna mais fácil o próximo, e assim sucessivamente até que falemos de centésimos, que também se vão juntando, crescendo as casas decimais, até que estamos soterrados debaixo de muitos metros de porcaria e perdidos a muitos quilómetros de distância do que fomos e de para onde quisemos ir.

Um milímetro para outros, banal e desprezível, traz para mim mais perto o sabor amargo da memória de onde andei, traz presente o susto da treva onde me fechei, explode-me numa angústia de alarmes de que fujo em pânico. É só mais um milímetro - é. Mas é também menos um milímetro. E a minha tolerância tem hoje muito poucos para dispensar. Movo-me num espaço exíguo com fronteiras de pedra. Tornei-me rigorosamente milimétrica.

Supostos

O que custa mais, custa sempre mais, é o não retorno, de qualquer espécie - a rejeição. Cada não retorno diz-nos que não merecemos, não valemos - a pena, o esforço ou a atenção. E se se torna expectável com o tempo, torna-se também inevitável, porque a rejeição passa a ser sentida mais imediata e conclusiva em coisas menores. E quanto menor o seu peso ou relevância, maior a devastação que causa a sua suposta insignificância.

Legado

Nasceu esta semana a V, rebento da minha mana caçula. Ando há dias a pensar o que lhe escrever, mas por muitas palavras e metáforas que congemine, por mais que junte citações de poetas e iluminados, na verdade tenho pouco para lhe dizer. Dou-lhe as boas vindas, desejo-lhe que seja feliz e inteira, e digo-lhe que tem uma sorte imensa em ter os pais maravilhosos que lhe calharam. Prometo-lhe que nunca lhe faltará um abraço, que terá certamente dos seus pais e tantos outros, e seguramente terá sempre de mim. Ela gostou muito do meu colo, sossegou e olhava-me com atenção, seguindo o som da minha voz - talvez tenha percebido já que sou e serei mais um colo quente para ela, uns braços abertos. Enchi-me de ternura ao ver a minha mana feita mãe com tanta alegria e serenidade. Sabia já que seria uma boa mãe, mas vê-lo acontecer, desde a primeira hora, e mesmo sabendo que não tenho crédito no assunto, fez-me ficar ainda mais orgulhosa dela. Tal como há meses, sabemo-nos unidas e afirmantes no amor maior que nos constrói. Mesmo que seja em mensagens fora das horas das visitas, com um "Luv ya little sis" respondido com um "Luv ya back big sis!". E sabemos ambas que esse amor primordial é o legado que devemos - expresso sem medos e sem peneiras - aos nossos filhos.